quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Lieberman: A China pode fechar a internet, por que nós não podemos?

Shows how a firewall should work (Illustration)Image via WikipediaLieberman: A China pode fechar a internet, por que nós não podemos?

Tentando reassegurar aos telespectadores da CNN que o governo não está tentando acabar com a liberdade de expressão na internet, o senador apenas aumentou mais o alarme por citar o país que censura toda discordância online.

Por Paul Joseph Watson

Prison Planet.com

O senador Joe Lieberman, co-autor de um projeto de lei que daria ao presidente Obama uma "botão de cancelar" para fechar partes da internet, tentou reassegurar aos telespectadores da CNN ontem que preocupações sobre o governo regulamentar a liberdade de expressão na web eram exageradas, mas ele apenas causou mais alarme por citar a China, um país que censura toda discordância online contra o estado, como o modelo com o qual o americano deveria se comparar.

Durante uma aparição no Estado da União da CNN, com Candy Crowley, Lieberman caracterizou as preocupações que sua legislação de 197 páginas do Ato de Proteção do Ciberespaço como um Patrimônio Nacional representa uma tentativa de colocar na mão de Obama "poder absoluto" sobre a internet como "desinformação total", acrescentando que as pessoas estavam "intencionalmente espalhando desinformação".

Lieberman novamente invocou "cibersegurança" como a motivação por trás do projeto de Lei e tentou amenizar as preocupações dos críticos. "Então eu digo para os meus amigos na internet, relaxem. Deem uma olhada no projeto de lei. E isso é algo que precisamos para proteger nosso país," disse o senador.

Contudo, a escolha de comparação de Lieberman em justificar a necessidade do projeto de lei só servirá para aumentar as preocupações de que o governo está indo atrás da liberdade de expressão.

"Agora mesmo na China, o governo, pode desconectar partes da internet em caso de guerra e nós precisamos ter isso aqui também," disse Lieberman.

A referência do senador a China é uma revelação dizendo sobre o que realmente é a agenda de cibersegurança. O como que vício da China na contenção de seus sistemas de internet tem muito pouco a ver com "guerra" e tudo a ver com silenciar toda discordância contra o estado.

A censura da internet chinesa é imposta via lista negra do governo central de qualquer website que contenha críticas ao estado, pornografia, ou qualquer outro conteúdo considerado inadequado pelas autoridades. Toda vez que você tenta visitar um website, você é redirecionado através do firewall do governo, frequentemente contribuindo para longos atrasos e oscilações de velocidades. 

A China tem exercitado seu poder de fechar a internet, algo que Lieberman quer introduzir nos Estados Unidos em tempos políticos sensíveis a fim de obstruir o fluxo de informação sobre os abusos e atrocidades do governo. Durante os motins contra a guerra que ocorreram em julho de 2009, o governo chinês fechou completamente a internet por toda a região noroeste de Xinjiang por dias. Semelhantemente, o acesso a internet em partes do Tibet é rotineiramente restringido como parte dos esforços do governo de se antecipar e neutralizar conflitos.

Grandes websites como Twitter, Google e Youtube também tem sido fechados, ou temporariamente ou permanentemente pelas autoridades chinesas.

Websites de notícias na China agora requerem que usuários registrem suas verdadeiras identidades a fim de deixar comentários. Essa abolição de anonimato é usada para desencorajar a liberdade de expressão na medida em que impede o usuário de se envolver em críticas ao estado por medo de que eles poderão ser rastreados pelas autoridades.

As autoridades chinesas estão agora indo mais longe do que meramente manter uma "lista negra" de websites banidos instituindo uma "lista branca" de websites aprovados, um movimento que "poderia potencialmente colocar muito da internet fora dos limites dos leitores chineses". Websites não previamente registrados com o governo seriam completamente bloqueados para todos os usuários da internet, significando que "milhões de sites completamente inócuos" seriam banidos. Isso equivale a exigir a aprovação do governo para criar um site, que obviamente não seria permitido se a pessoa ou organização que a faz o pedido tem uma história de ou é provável de se envolver em discordância contra o estado.

O próprio presidente Obama tem criticado a censura da internet chinesa como um estorvo para o fluxo livre da informação e permitir aos cidadãos responsabilizar os seus governos, e ainda Lieberman quer dar a Obama poderes semelhantes.

Dada a natureza da regulamentação da internet chinesa, com o nada a ver com "guerra" como Lieberman afirma e tudo a ver com censura política e encobertamento de informação sobre opressão do estado deveríamos estar alarmados que o senador quer ver a América se mover na mesma direção.

A real agenda por trás do controle governamental da internet tem sempre sido estrangular e sufocar os meios de comunicação independentes que estão agora competindo agora com e até deslocando os órgãos de impressa do establishment, com websites como o Drudge Report agora atraindo mais tráfico do que muitos grandes jornais combinados. Como parte dessa guerra com a mídia independente, a FTC (Comissão Federal de Comércio) recentemente propôs um "imposto Drudge" que forçaria as organizações de mídia independente a pagar taxas que seriam usadas para financiar os jornais tradicionais.

Além disso, a FCC tem implementado um plano de censura em seu projeto de Neutralidade da Net em uma tentativa furtiva para impor regulamentação na internet.

Sob o controle regulador da FCC os consumidores seriam forçados a comprar uma caixa de conectividade de internet/TV/Telefone que o governo aprova. "Todos pagarão taxas para o serviço que o governo estabelece. E tudo que passar pela sua internet, TV ou telefone se tornaria sujeito ao capricho regulador consistente da FCC," escreve Kelly William Cobb do Americans for Tax Reform.

Legislação semelhante que visa impor censura no estilo chinês da internet e dar ao estado poder de fechar redes já foi passada globalmente, incluindo o Reino Unido, a Nova Zelândia e Austrália.

Nós temos coberto extensivamente esforços para sucatear a internet como a conhecemos e adiantar um grandemente restrito sistema de "internet 2". Entregar ao governo o poder de controlar a internet seria apenas o primeiro passo em direção a esse sistema, segundo o qual identidade individual e permissão seriam requeridas simplesmente para operar um website.

O argumento de Lieberman de que aos Estados Unidos deveria ser entregue o mesmo poder de regulamentar a internet atualmente exercitado pelas autoridades chinesas somente serve para confirmar que a verdadeira agenda por trás da legislação da "chave de cancelar" de Obama é lanchar uma guerra, não contra hackers estrangeiros, mas contra a liberdade de expressão do povo americano.

Fonte: Prison Planet.com 

Nota: No Brasil também não é diferente, embora ainda não exista legislação específica, há bastante censura, o Google que o diga.



 



      

    



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