Vaticano propõe Governo Mundial para realizar reforma financeira.
O Pontifício Conselho do Vaticano Justiça e Paz, propôs a criação de uma autoridade política e um banco central mundial que possam fazer frente à atual crise financeira mundial.
O pedido está no documento "Por uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública com competência universal", apresentado pelo cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz.
O líder e a entidade teriam a função de promover “mercados livres e estáveis, disciplinados por um quadro jurídico adequado”, além de fazer frente à atual crise financeira e econômica.
De acordo com a publicação paranaense O Diário, a Congregação do Vaticano explicitou que tal autoridade deve ter um “horizonte global e servir ao bem comum”. Por outro lado, essa liderança não poderia ser imposta pela força, mas servir pelo acordo livre e compartilhado.
“O exercício de tal autoridade deve ser necessariamente supranacional”, disse o comunicado divulgado pela Rádio Vaticano.
O Vaticano justifica a criação de uma Autoridade Pública Mundial por causa da crescente interdependência entre os estados.
A criação de um Banco Central Mundial também é incentivada pela Santa Sé, que deveria exercer a função de regular o fluxo e o sistema dos intercâmbios monetários, segundo a agência Efe.
De acordo com o texto, o Fundo Monetário Internacional perdeu sua capacidade de garantir a estabilidade das finanças mundiais.
Com vistas a criar uma autoridade supranacional, o Vaticano assinala que os estados devem ceder de forma gradual e equilibrada uma parte de suas atribuições nacionais à chamada Autoridade Mundial.
"Hoje se vê como surrealista e anacrônico que um estado considere que pode conseguir de maneira autárquica o bem de seus cidadãos. A globalização está unificando os povos, levando-os a um novo 'estado de direito' em nível supranacional, a um novo modelo de sociedade internacional mais unida, respeitosa com a identidade de cada povo", diz o documento.
A ordem mundial de Baha’u'llah, tal como ele a concebeu, é uma
réplica do sistema britânico de governo. Essa ordem encontra-se descrita
na epístola (Ezequiel 3:1) abaixo:
LAWH-I-DUNYÁ -(Epístola do Mundo) – “O sistema de governo adotado
pelo povo britânico em Londres parece ser bom, pois é adornado com a luz
tanto da realeza como da consulta com o povo. Na formulação dos
princípios e leis, uma parte foi dedicada às punições, as quais
constituem um instrumento efetivo para a segurança e a proteção dos
homens.”
Compete à Organização das Nações Unidas (ONU) se transformar no governo descrito abaixo:
1) O sistema de governo inglês controlado pelo executivo mundial britânico (vulgo Anticristo) e seus nove mestres eleitos:
Organização política
O Reino Unido é uma monarquia constitucional hereditária que tem por
Chefe de Estado o soberano (atualmente, a Rainha Elizabeth II).
As duas
câmaras do parlamento são: a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes.
Os 651 deputados da Câmara dos Comuns são eleitos por sufrágio universal
por um período de cinco anos, em circunscrições uninominais. A Câmara
dos Lordes é composta por Pares do Reino por direito hereditário e por
Pares (homens e mulheres) nomeados a título vitalício pela soberana em
recompensa de serviços notáveis prestados à nação. Ambas as assembléias
detêm poderes de iniciativa legislativa, embora esta seja habitualmente
exercida pela Câmara dos Comuns. Após três leituras na Câmara dos
Comuns, os projetos de lei são transmitidos à Câmara dos Lordes que pode
devolvê-los à primeira com alterações ou sugestões. A Câmara dos Lordes
não pode opor-se a uma proposta legislativa que tenha sido apresentada
duas vezes na Câmara dos Comuns, mas pode suspendê-la. O poder executivo
é exercido pelo Conselho de Ministros (Cabinet) presidido pelo Primeiro-Ministro, sendo ambos responsáveis perante a Câmara dos Comuns.
Do ponto de vista administrativo, o Reino Unido é um Estado unitário em que o Parlamento constitui o órgão supremo.
A CONSTITUIÇÃO
O Reino Unido não tem uma constituição escrita.
Os direitos dos cidadãos são definidos pela combinação de normas oriundas de:
• direito consuetudinário (common law), baseado em precedentes jurídicos
• leis
• convenções
Os documentos constitucionais abaixo são os mais importantes:
• Bill of Rights (1689) – deu mais poderes ao Parlamento
• Reform Act (1832) – reformou o modelo de representação política
• Human Rights Act (2000) – definiu os direitos fundamentais dos cidadãos
Os elementos-chave do Human Rights Act são:
• um código de valores em sintonia com a cultura e a administração britânica
• 14 artigos que englobam princípios como o direito à vida, à liberdade de expressão e à educação.
A MONARQUIA
Sua Majestade a Rainha Elizabeth II é a chefe do executivo, faz parte
do legislativo, é chefe do judiciário, comandante-chefe das forças
armadas e autoridade suprema da Igreja Anglicana.
Atualmente, o papel
político do monarca é essencialmente cerimonial e a Rainha age sob a
orientação de seus ministros.
A IGREJA (E UM PARLAMENTO MUNDIAL DAS RELIGIÕES)
A Igreja Anglicana, que foi separada da Igreja Católica Romana na
época da Reforma no início do século XVI, é a igreja que representa a
religião oficial da Inglaterra. O monarca é a “autoridade suprema” da
Igreja e nomeia seus dois arcebispos e 42 outros bispos diocesanos.
LEGISLATIVO
O parlamento é formado pela Rainha, Câmara dos Lordes e Câmara dos Comuns; nesta,
membros eleitos encarregados de representar seus respectivos distritos eleitorais debatem e votam a legislação nacional.
EXECUTIVO
O Governo: primeiro-ministro, ministros e secretários de Estado;
ministérios e órgãos estatais subordinados aos ministérios;
administrações regionais descentralizadas na Irlanda do Norte, Escócia e
País de Gales; autoridades locais e empresas públicas.
JUDICIÁRIO
O poder judiciário é composto por cortes, juízes e advogados que
estabelecem normas de direito consuetudinário e interpretam as leis
aprovadas pelo legislativo.
O ordenamento jurídico baseia-se em:
• normas de direito consuetudinário e eqüidade – estabelecido por meio da reiteração de sentenças
• leis parlamentares
• legislação da União Européia
O Ministro do Interior/Justiça, (Home Office), é responsável direto
pelo sistema jurídico criminal na Inglaterra e no País de Gales. Na
Escócia e na Irlanda do Norte, essa função cabe ao Ministro da Justiça e
ao Secretário de Estado, respectivamente.
GOVERNOS LOCAIS
São responsáveis por serviços públicos locais, mantidos com recursos
provenientes da coleta de impostos locais e de repasses do governo
central.
Há 387 representações de governo locais na Inglaterra. Londres tem 32 conselhos distritais.
As 22 autoridades locais no País de Gales gastam a metade dos 8
bilhões de libras esterlinas previstas no orçamento de serviços
públicos.
AGRICULTURA
No setor agrícola, a indústria de laticínios é mais comum na região
oeste da Inglaterra; rebanhos ovinos e bovinos são comuns nas áreas
montanhosas e de charnecas do norte e do sudoeste. O cultivo de terras
aráveis, criação de porcos e aves e horticultura estão concentrados nas
regiões leste e sul.
XXX
Como parte de seus planos de conceder mais poderes às regiões, o
governo estabeleceu Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs) em nove
regiões da Inglaterra em abril de 1999. Os objetivos das ADRs são, entre
outras coisas, promover desenvolvimento econômico regional coordenado e
regeneração, além de reduzir os desequilíbrios econômicos que existem
dentro e entre as regiões inglesas de forma a melhorar seus poderes de
competitividade.
2) Uma federação mundial de estados como os EUA.
O período da história dos Estados Unidos da América entre 1783 e 1815
caracteriza-se pelos primeiros anos de independência e pela união das
treze ex-colônias britânicas para formar um único país. As Treze
Colônias haviam lutado bravamente por sua independência durante a
Revolução Americana de 1776. O Reino Unido assumiu sua derrota em 1783, e
pelos termos do Tratado de Paris, o Reino Unido reconhecia oficialmente
a independência dos Estados Unidos da América. O período que estende-se
entre 1783 e 1815 caracteriza-se por três fatos. O primeiro foi a
criação efetiva do governo americano.
Durante os primeiros anos de
independência, os Estados Unidos não passavam de uma Confederação de
Estados, e efetivamente, um governo nacional ainda não existia. Em 1787,
representantes de todos os Estados americanos, bem como outros oficiais
importantes, reuniram-se e escreveram juntamente a Constituição
americana. Esta constituição define explicitamente o papel e os
poderes do governo federal no país. A Carta de Direitos foi aprovada em
seguida. George Washington foi o primeiro Presidente do país, em 1789.
3) LASTRO EM OURO PARA A NOVA ECONOMIA MUNDIAL
O Egito possui obras de valor incalculável como o famoso esquife de
Tutancâmon e também uma imensa arqueologia. Esses recursos serão
fatalmente confiscados em nome da unidade da diversidade para que seja
criado o lastro em ouro da nova economia.
4) UM EXÉRCITO MUNDIAL
Com a Constituição Mundial, será necessário reorganizar os exércitos
de todos países, que serão agregados a um só exército mundial, cada país
continuará com seu exército, o que irá mudar é o comando do Exército,
Marinha e da Aeronáutica. Exemplo:Serão criados 2 comandos, o EMFAM
(Estado Maior das Forças Armadas Mundial) e o EMFAC (Estado Maior das
Forças Armadas do Continente), No (EMFAM) serão centralizados os
Comandos dos Cinco Continentes, no (EMFAC) é centralizado todos os EMFA
dos paises que compõem o Continente.
E por fim… estabelecer uma comunidade mundial que não poderá comprar
ou vender sem o sinal de Baha’u’llah (a estrela de nove pontas), o nome
de Baha’u’llah ou o número de letras do seu nome (9).
Nota de Berit Kjos: Estas informações são vitais! O
artigo é extenso, porém a leitura vale muito a pena. Se você não tiver muito
tempo para ler o artigo inteiro agora, leia pelo menos a seção intitulada
"Justiça Social Marxista".
Nota do Autor: Muitos volumes poderiam ser
escritos sobre as diferentes aplicações históricas e filosóficas da
"justiça social" e poderíamos facilmente nos perder em um emaranhado
de ideologias e nuanças. Portanto, este artigo procurará examinar o elemento
central da justiça social como um movimento político, social e econômico
recente.
"... Precisamos
entender que o único caminho para a paz e para a justiça social é o
socialismo... Com classes exploradoras nunca haverá justiça social, e sem a
justiça social nunca haverá paz. [1; Celia Hart].
"... é necessário
compreender que toda teoria moderna de justiça social é ideológica.
Independente de quão sensata ou racional ela possa ser, toda teoria moderna de
justiça social é a racionalização dos interesses de um determinado grupo ou
classe." [2; William E. Murnion]. "... Todas as
tendências modernas apontam para o espectro de uma conformidade maior, terrível
e sem misericórdia. [3; Erik von Kuehnelt-Leddihn].
Um sentimento ardente e
perturbador subiu do meu peito até a minha garganta. Uma avalanche de palavras
iradas saíram da minha pequena boca. Minha indignação não podia ser sufocada.
Uma declaração final ressoou com intensa convicção:
"Quando eu for mais
velho, vou fazer alguma coisa para mudar isto."
Quantos anos eu tinha?
Dez, talvez menos. Mas eu tinha visto o suficiente para saber. Graves
injustiças tinham sido observadas.
Lembro-me bem da amarga
experiência. Eu, um garoto sensato da fazenda — e meus avós, donos de uma
pequena loja de tecidos em uma pacata cidade da campina — tínhamos viajado para
a claustrofóbica cidade de Winnipeg. O objetivo: visitar as lojas de artigos
têxteis para comprar tecidos. Depois de dois dias conhecendo os depósitos e o
chão das fábricas, eu sabia que aquilo era o fim do mundo. As condições de
trabalho eram deploráveis: pouca luz solar, cores das pinturas das instalações
inadequadas, comerciantes idosos e malcheirosos.
"— Aqui está um
doce, garoto." Parecia que estava estragado.
Em um instante crítico,
minha avó teve de me fazer calar a boca. Será que ela não sabia? Será que
ninguém se importava? A única máquina de vender Pepsi pela qual passamos no
corredor escuro tinha um aviso de importância profética: "Enguiçada".
E eu estava morrendo de sede.
Sim, a indústria têxtil —
na verdade, todo o mundo empresarial — estava enguiçado. Como alguém consegue
trabalhar em um lugar tão deprimente? O tédio sozinho era suficiente para matar
as pessoas, e estava me matando!
Depois que nos
abastecemos com os tecidos e deixamos aquela desolação urbana, tive um
vislumbre de algo mais. Uma chaminé revestida de tijolos contrastava com o céu
do fim da tarde e a fumaça — ou vapor, não importa — era arrotada para fora
para sufocar a vida da natureza.
Será que aquelas pessoas
não sabem o que estão fazendo? Será que ninguém no governo tem cérebro? Não
somente a cidade era um lugar depressivo e os depósitos terríveis para os
trabalhadores, mas também as fábricas estavam para matar tudo! Quando eu
crescer, vou colocar fim a esta loucura. Outros se uniriam nesse desejo de
mudar o mundo. Salvaríamos os trabalhadores de sua intolerável escravidão e
resgataríamos o ambiente das mãos de comerciantes gananciosos. A justiça e a
vingança seriam feitas, aqui no país ou no estrangeiro.
A vovó tranquilamente me
apoiou. Vovô, de lábios cerrados, não disse nada e apenas aumentou velocidade
em que dirigia o veículo.
Mudando
as Mentes
Olhando para trás, fico
admirado. Para uma mente jovem, eu tinha um forte senso de "direitos
sociais" e "justiça". E eu era o candidato perfeito para se
inclinar para o lado mais extremo do campo esquerdista. De fato, minha mente
impressionável já estava se movendo nessa direção.
Sem saber, eu estava
simulando uma abordagem marxista — revolução social por meio da ação das massas
— eu estava emocionalmente convencido que a cirurgia radical era o único
recurso. De onde veio isto?
Meus pais e avós eram
agricultores sérios e donos de um negócio. Eles trabalhavam arduamente em seus
respectivos meios de vida, eram rápidos em ajudar quem necessitava de apoio, e
contribuíam com a comunidade local de diversas maneiras — inclusive, da parte
de minha mãe, com o ensino da língua inglesa para os imigrantes do Laos
(aqueles eram os dias dos refugiados que fugiam em barcos de pesca). Tanto meus
pais como meus avós enfatizavam a ética e os valores cristãos, defendiam os
injustiçados, e permaneciam independentes em face à pressão dos seus pares:
"Você nasceu original, não morra como uma cópia".
A igreja que eu
frequentava tinha raízes menonitas, mas não aderia à ideologia da Esquerda. De
fato, ela tinha se separado em parte da denominação menonita devido a uma
crescente inclinação socialista na denominação. No fundo, éramos provavelmente
a única igreja menonita não pacifista da região.
Televisão? Não. Naquele
tempo a TV consistia em Coelho Pernalonga nas noites de sábado, e papai
tentando assistir ao programa do Lawrence Welk enquanto nós, as crianças,
fielmente, imitávamos o Coiote e o Papa-Léguas. Simplesmente não havia muito
tempo para a televisão.
Escola pública? Era o fim
do anos 1970s, e o currículo "ambiental" já estava em uso. No ensino
médio, do outro lado da rua, O Manual Ambiental era usado como um texto
— completo com a retórica abertamente anticristã, antifamília, e
anticapitalista (Veja Forcing Change, volume 3, número 2). O
Manual Ambiental, para todos os efeitos práticos, era uma chamada
marxista/trotskista à ação radical "verde" — "nada menos que uma
transformação total é necessária". (The Environmental Handbook,
1970, pág. 330). Outros textos escolares, como Prose of Relevance e Worlds
in the Making, formavam as mentes para aceitarem inúmeras mudanças
culturais — incluindo o movimento em direção aos ideais socialistas e
tecnocráticos. [4].
A escola primária e
secundária também testemunharam um fluxo constante de transformação curricular.
Lembro-me de ouvir sobre os problemas crescentes da superpopulação e a
destruição do ecossistema causados pela avidez humana e pela poluição. A
injustiça estava acontecendo em diferentes partes do mundo. A aniquilação
nuclear era iminente.
Quer declarada ou sutil,
a mensagem era clara: As velhas formas de como a sociedade funcionava já não
podiam ser toleradas. Muito estava em risco, e era responsabilidade da minha
geração corrigir os problemas do mundo. Independente se os professores estavam
cientes ou não, estávamos sendo moldados para mudar o sistema. Assim, uma
diversidade de alternativas culturais e sociais entraram na sala de aula —
incluindo o marxismo.
O fim dos anos 1960 e o
início dos anos 1970 foi uma época crítica para a sociedade ocidental. A nova
Esquerda, com suas técnicas de vanguarda, desafiou as normas culturais
tradicionais. O radicalismo colidiu com o convencionalismo, a cultura das
drogas floresceu e as formas orientais de espiritualidade se tornaram uma
tendência. Nos EUA, o bem-estar social ou "estado servil" foi muito
ampliado, incluindo experiências com moradia comunitária. Tudo isto foi
acoplado à Guerra do Vietnã, primeiramente desmoralizando a França e depois os
Estados Unidos. Durante aquele tempo, grupos de "paz" repetiam como
papagaios a propaganda soviética; o capitalismo era igualado ao
"belicismo", enquanto que o socialismo refletia equidade e paz.
O Ocidente, solapado
pelas ideias progressistas (esquerdistas), abraçou esta tendência, embora
Frederick C. Barghoorn, um professor de Yale que tinha sido preso pelo governo
soviético em 1963, tenha advertido sobre o uso da "paz" como método
para promover a ideologia marxista. Publicado um ano antes de sua detenção e
libertação, seu livro Soviet Foreign Propaganda (Propaganda Externa
Soviética) forneceu uma importante advertência:
"Deve ser enfatizado
que todos os líderes soviéticos, desde Lênin e Trotski até Stalin e Khrushchev,
se empenharam em sua propaganda de paz para atrair tanto os revolucionários que
procuram a derrubada da democracia constitucional, quanto empresários
ocidentais, progressistas, pacifistas, e o público em geral cujo conceito
não-dialético de paz estava limitado à simples ausência de conflito
armado." [5].
Os progressistas e
pacifistas das nações ocidentais eram vistos como atores importantes na causa
do marxismo internacional. A importância deles não veio de um conhecimento do
programa Moscou-hegeliano-marxista, mas, de sua ignorância. Convencidos de
terem um terreno moral mais elevado e cegos por uma sensação de esclarecimento,
esses indivíduos promoveram a agenda comunista agindo com base na emoção do
ideal. Em outras palavras, eles foram emocionalmente atraídos a uma causa
de "justiça social" de orientação marxista; a "condição dos
trabalhadores", as desigualdades econômicas e sociais, o desejo pela
justiça baseada em classe, e a "luta pela paz". Esses indivíduos
então se tornaram ativistas, educadores e definidores da opinião cultural. E
eles exigiam a transformação social que, invariavelmente, deveria ter um tom
anticapitalista e anti-individualista. Os garotos em Moscou sorriram
satisfeitos.
A única maneira de
"garantir a paz permanente no mundo", da perspectiva marxista,
explicou Barghoon, é a "eliminação do capitalismo". [6]. A paz, a
solidariedade, e a justiça pulsaram com um batimento leninista por todo este
período de tempo turbulento. O capitalismo, com sua ênfase na propriedade
privada e na livre economia, era considerado a principal causa do conflito
social. O socialismo, com sua ênfase na comunidade e na ordem social, era o
caminho para o progresso.
Esta ideologia de
esquerda foi solidamente embutida na educação canadense durante os anos 1970 e,
a partir desse ponto, suas impressões digitais podem ser observadas em
praticamente todos os principais sistemas institucionais, incluindo as igrejas.
Retna Ghosh e Douglas
Ray, no prefácio de seu livro de 1987, intitulado Social Change and
Education in Canada ("Mudança Social e Educação no Canadá"),
fornecem um breve esboço das teorias sociais que moldaram a educação moderna.
Isto incluiu o Darwinismo Social, de Herbert Spencer, as teorias de conflito de
Karl Marx, modernização e o conceito de capital humano com sua ênfase no
desenvolvimento da mão-de-obra. Cada qual impactou o sistema escolar canadense,
como também fizeram a tecnocracia e uma série de outras filosofias. E, embora o
sistema possa ver distinções nessas teorias, a sala de aula estava muito mais
confusa. Na verdade, qualquer uma dessas teorias — ou o conjunto de todas elas
— pode modificar a visão de mundo do aluno. Todavia, raramente o aluno entende
o ideal que está por trás do currículo.
Como
Ghosh e Ray explicam:
"A mudança social,
seja ela gradual ou revolucionária, é inevitável e traz consigo novos padrões
de interação social. O lugar da educação nesse processo é complexo e
crítico." (Social Change and Education in Canada, pág. vii).
Para a mente de um jovem,
no fim dos anos 1970, bombardeada por uma série de padrões educacionais
conflitantes, a luta emocional ligada às questões sociais exploradas parecia o
mais relevante. Não admira que minha viagem para Winnipeg tenha terminado com
um apelo trotskista para a revolução.
O que
tudo isto tem a ver com "justiça social"? Tudo.
Justiça
Social Católica
No mundo cristão de hoje
— e na cultura ocidental em geral — há uma infinidade de mudanças ocorrendo, e
com elas vêm uma nova linguagem. A "justiça social" é certamente o
centro das atenções. Jim Wallis, da Sojourners, usa esse termo
repetidamente. O livro do autor cristão emergente Brian McLaren, Everything
Must Change (Tudo Precisa Mudar), visa reformular o cristianismo em um
contexto de justiça social. A Igreja Cristã Reformada tem o gabinete de Justiça
Social, assim como o Exército da Salvação, a Igreja Menonita dos EUA, a Igreja
Metodista Unida, a Igreja Unida do Canadá. Além disso, uma lista interminável
de outras denominações e órgãos da igreja falam a respeito da "justiça
social".
Mas de onde vem este
termo, e qual a sua história dominante?
O termo "justiça
social" parece ter sido empregado pela primeira vez no início de 1840, por
um teólogo católico e jesuíta italiano, Luigi D'Azeglio Taparelli [7]. Como
Daniel M. Bell aponta em seu livro Liberation Theology After the End of
History (A Teologia da Libertação Após o Fim da História), o conceito de
D'Azeglio era "justiça como uma virtude geral que coordenava todas as
atividades com o bem comum". [8].
O conceito de virtude é
importante, pois traz consigo um tom de caridade. A visão de Taparelli girava
em torno da justiça como um sistema de normas morais que incluíam direitos
individuais e liberdade de associação. A grande maioria da comunidade — a
"soma total de bens individuais" [9] — se beneficiaria. Essa forma de
"justiça" também era conhecida como justiça econômica, e via a
redistribuição da riqueza como uma coordenação de direitos. A administração
direta do governo deveria ser evitada sempre que possível, pois Taparelli
reconhecia o perigo da centralização. [10].
Em 1891, o papa Leão XIII
publicou sua encíclica Rerum Novarum (em português: "Das Coisas
Novas"), que tratava das condições da classe trabalhadora, do direito à
propriedade privada, e os relacionamentos no ambiente de trabalho. Leão XIII
rejeitou o comunismo e a ganância que surge a partir da aplicação amoral do
capitalismo e, ao invés disso, defendia que os trabalhadores e o empregador
deveriam chegar a um acordo honesto em relação ao trabalho e ao salário.
Décadas mais tarde, o
papa Pio XI escreveu sua encíclica Quadragesimo Anno, em que denunciou o
comunismo e, ao mesmo tempo, adotou a redistribuição da riqueza — a divisão de
benefícios — como uma função de uma justiça social (§ 57).
"Por esta lei de
justiça social, uma classe fica proibida de excluir a outra da partilha dos
benefícios".
Embora essa ideia tenha
começado a ampliar os limites anteriores da justiça social católica, pelo menos
ele reconheceu que todos os lados da divisão de classes poderiam ser atores
negativos: o rico retendo os salários devidos ao trabalhador e o trabalhador
exigindo tudo do rico. Exceto isto, o sistema de livre mercado não era um meio
aceitável de construir uma civilização baseada na justiça social.
"Assim como a
unidade da sociedade humana não pode ser fundada sobre a oposição de classes,
assim também a correta ordenação da vida econômica não pode ser deixada à livre
concorrência das forças. A partir dessa fonte, a partir de uma fonte venenosa,
têm se originado e propagado todos os erros do ensino econômico
individualista... a livre concorrência, embora justificada e certamente
proveitosa desde que mantida dentro de certos limites, evidentemente, não pode
dirigir a vida econômica — uma verdade que a consequência da aplicação na
prática dos princípios deste espírito maligno e individualista tem mais do que
suficientemente demonstrado. Portanto, é mais necessário que a vida econômica
seja novamente submetida e governada por um princípio diretor verdadeiro e
eficaz". (§ 88).
Durante a leitura da
encíclica, uma perturbadora linguagem ambígua aparece. O comunismo é criticado,
porém o livre mercado é maligno. Nesta dialética o resultado final é que
"certos tipos de propriedade... devem ser reservadas ao Estado." A
"autoridade pública", segundo Pio XI, deve manter a propriedade das
empresas que promovem o "bem-estar geral". (§114-115) A descida da
ladeira escorregadia tinha agora começado de fato; "justiça social"
seria a desculpa por excelência na proposta para um sistema coletivista global.
Falando acerca do ponto
de vista de Pio XI sobre a justiça econômica, o papa João XXIII salientou que
"o objetivo do homem deve ser alcançar, na justiça social, uma ordem
judicial nacional e internacional, com sua rede de instituições públicas e
privadas, em que toda atividade econômica possa ser conduzida não meramente
para fins privados, mas também no interesse do bem comum." [11]. João
XXIII advogava uma "autoridade universal" para assegurar esse
"bem comum". [12].
Mais tarde, em 1965, o
papa Paulo VI fez comentários similares em um discurso na Organização das
Nações Unidas, sugerindo abertamente o "estabelecimento de uma autoridade
mundial". [13].
Por quê? Porque uma autoridade mundial é necessária para
estabelecer e manter o "bem comum" internacional. Nesse mesmo ano, o
documento de Paulo VI Gaudium et Spes — Constituição Pastoral sobre a
Igreja no Mundo Moderno — reconheceu que a Igreja Católica tem um importante
papel a desempenhar na construção de "uma comunidade pacífica e fraterna
das nações". (§ 90).
Nesse sentido, ele
recomendou na Seção II, intitulada "Criação de uma Comunidade
Internacional", a criação de um órgão católico destinado à promover a
"justiça social internacional". (§ 90) O individualismo foi aprovado
no documento, mas deve apoiar o bem maior. O coletivismo na produção foi
considerado errôneo, mas uma forma de coletivismo social foi considerada
necessária.
Um trecho
do 65° parágrafo demonstra essa relação de justiça social:
"Os cidadãos, por
outro lado, devem lembrar que é seu direito e dever, o que também é reconhecido
pela autoridade civil, contribuir com o verdadeiro progresso de sua própria
comunidade de acordo com sua capacidade... Aqueles que retêm seus recursos
improdutivos ou aqueles que privam sua comunidade da ajuda material ou
espiritual que ela necessita — salvo o direito de migração — gravemente põem em
risco o bem comum."
Aqui, vemos uma oscilação
para muito além da ideia anterior de uma virtude caridosa. A implicação é
clara: você irá participar. No contexto desse documento em particular, essa
participação inclui as exigências de uma comunidade global e uma autoridade
civil mundial.
Embora o papa João Paulo
II tenha sido considerado mais conservador, ele também apoiou um programa de
justiça social com enfoque global. Isso ficou evidente em seu endosso aos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, que gravitam em torno da
redistribuição da riqueza. [Nota: Os Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio têm metas admiráveis, porém os métodos são altamente suspeitos.] Os
bispos católicos dos EUA, durante o pontificado de João Paulo II, foram claros
a respeito da justiça social em sua carta Justiça Econômica para Todos,
publicada em 1986:
"O bem comum às
vezes pode exigir que o direito ao próprio seja limitado por envolvimento
público no planejamento ou na propriedade de certos setores da economia. O
apoio à propriedade privada não significa que alguém tenha o direito de
acumulação ilimitada de riqueza." (§115).
De maneira interessante,
os comentaristas católicos de todos os lados do espectro político descreveram o
documento dos bispos como "pró-capitalista". Entretanto, uma rápida
leitura demonstra que a Justiça Econômica para Todos é pró-socialista. Sim, a
responsabilidade do indivíduo é destacada e a propriedade privada é legalizada.
No entanto, é a versão dos bispos de justiça que exibe um conjunto
diferente de cartas, com seu apelo coletivista, programas governamentais
direcionados a solucionar os males sociais. Os indivíduos, portanto, são obrigados
a contribuírem para o bem comum. Em outras palavras, se você pode contribuir
para o bem comum, então precisa contribuir. Isto é similar à máxima
marxista:
"De cada um segundo
sua capacidade, a cada um, segundo sua necessidade."
Escrevendo para o Journal
of Business Ethics (Jornal da Ética Empresarial), William E. Murnion faz
uma avaliação direta do texto dos bispos: "... a concepção de justiça que
apoiam é... claramente socialista e mais, comunista". Murnion reconheceu
que os bispos não eram "cripto-comunistas", apenas que a
"concepção de justiça social deles é de fato idêntica ao princípio
comunista de justiça, embora os bispos tenham chegado a ela a partir de uma
rota completamente oposta à de Marx." [14].
Lembre-se também que a
década de 1980 foi a era da Teologia da Libertação na América Latina, que
combinou formas revolucionárias de marxismo com ensinos sociais católicos.
Embora o Vaticano tenha rejeitado certos aspectos da Teologia da Libertação,
esse marxismo romanista foi, no entanto, uma extensão lógica da "justiça
social".
Finalmente, a partir da
perspectiva católica, o papa Bento XVI demonstrou amplamente sua afinidade com
a justiça social com sua encíclica Caritas In Veritate (Nota: A Forcing Change publicou
uma extensa análise desse documento no Volume 3, Edição 8). Aqui, a justiça
social é reconhecida como uma questão de importância econômica e política
primordial, que vai além da abordagem do livre mercado.
E como um recorde
quebrado, o sistema de mercado deve ser dirigido "rumo a busca do bem
comum". (§ 36).
"A comunidade
política", assim explicou Bento XVI, "deve também assumir a
responsabilidade". A redistribuição econômica, de acordo com essa
encíclica, é justiça. O papa também recomendou que as Nações Unidas
sejam reformadas, junto com a economia global, de modo que uma "verdadeira
autoridade política mundial" possa emergir "com força". (§ 67)
Por quê?
Para
"tentar estabelecer o bem comum". (§ 67).
Concluindo esta seção:
Apesar de alguns ensinamentos do papa defenderem a propriedade privada e
rejeitarem o comunismo, como Leão XIII na Rerum Novarum, a hierarquia
católica romana durante o século passado tem, crescentemente, construído uma
ponte entre a "justiça social" e o coletivismo econômico e
político.
Entretanto, outro
movimento histórico surgiu paralelamente à versão católica moderna de justiça
social, dando energia ativa à frase. E se a ideia do papa de justiça social
encontrou-se na ladeira escorregadia do coletivismo, esse movimento paralelo
intencionalmente se dirigiu para a parte mais baixa da colina.
Justiça
Social Marxista
Há várias gerações que
existe um lado ativista junto com a ideia da redistribuição da
riqueza.
Essa frente popular, com uma rede de grupos dissidentes, organizações
e companheiros de viagem, usou a "justiça social" como grito de
guerra para a transformação social. De fato, esse movimento é muito vivo hoje
em dia, e continua a usar o termo como um estandarte eficaz. Esses agitadores
da bandeira da justiça social são os pregadores mais eloquentes do coletivismo;
os seguidoras de Karl Marx, Lenin, Stalin, Mao, Fidel Castro e dezenas de
outros líderes socialistas e comunistas.
Os comunistas e os
radicais sociais têm sido, facilmente, os vencedores quando se trata de
empregar esse termo. A Internacional Socialista sempre usou esse termo, como
também as organizações trotskistas, as facções vermelhas, e uma infinidade de
partidos políticos socialistas.
Ele é também um dos termos favoritos do Partido
Verde, com uma pequena diferença de significado de seus irmãos socialistas.
A ideia de justiça social
dentro de um contexto político remonta um longo percurso. Em 1848, a
Sociedade Fraternal dos Democratas, um órgão internacional que conviveu com Karl
Marx e Friedrich Engels, divulgou uma ameaça velada contra o sistema
britânico:
"Que as classes
privilegiadas renunciem às suas usurpações injustas e estabeleçam a igualdade
política e a justiça social, e assim a Inglaterra não terá nada a temer de um
mundo armado." [15].
Marx e Engels elaboraram
sua "ciência do socialismo" durante o mesmo período de tempo da
"justiça social" de Luigi Taparelli D'Azeglio. E o Manifesto
Comunista foi publicado no mesmo ano em que a Sociedade Fraternal dos
Democratas propunha a justiça social. Sob o comunismo, a redistribuição da
riqueza deveria ser usada para fins sociais. Nessa estrutura, a propriedade
privada para ganho pessoal era vista como a pedra angular do sistema de
classes, e era considerada a causa das injustiças sociais e dos conflitos.
Portanto, a redistribuição da riqueza era destinada à criação de uma sociedade
em que todas as pessoas seriam economicamente iguais.
Assim, a abolição da
propriedade burguesa (pertencente à classe capitalista) era a chave para
o comunismo.
Para fazer isto
funcionar, algo mais seria necessário: Uma estrutura para dar voz política às
massas. Marx e Engels olharam para a democracia. Uma vez que o
proletariado (a classe operária) tivesse alcançado o poder político, um sistema
social mais justo poderia ser gerado.
"... O primeiro
passo para a revolução da classe operária, é elevar o proletariado à posição de
classe dominante, para vencer a batalha da democracia."
"O proletariado
utilizará sua supremacia política para arrancar, aos poucos, todo o capital da
burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do
Estado, isto é, do proletariado constituído como classe dominante, e para
ampliar o total da capacidade produtiva o mais rápido possível."
"É claro que, no
início, isso não pode ser executado, exceto, por meio da usurpação despótica
dos direitos de propriedade..." [16].
Este conceito de justiça
social, a ascensão de uma classe "oprimida" por meio da degradação de
outra classe, é um processo reacionário baseado no despertar da inveja. Neste
nível básico, o comunismo está diretamente ligado à Revolução Francesa — um
evento que acendeu o fervor revolucionário no mundo inteiro e cujos disparos
ecoam ainda hoje. Erik von Kuehnelt-Leddihn, um filósofo austríaco e defensor
da liberdade, fornece o contexto histórico:
"Se alguém pegar
papel e caneta e fizer uma estimativa de quantas pessoas foram assassinadas ou
mortas na batalha por causa das ideias da Revolução Francesa, em seus vários
estágios, aspectos, e formas revolucionárias, por causa das ideias de
igualdade, identidade étnica ou racial, uma 'sociedade sem classes', um 'mundo
seguro pela democracia', um 'povo de raça pura', 'justiça social verdadeira
alcançada pela engenharia social' — chegará simplesmente a um total
inacreditável. Até o Holocausto judeu perpetrado pelos nacionais-socialistas,
com seus cinco ou seis milhões de mortos, poderá parecer quase que uma gota de
água em um balde." [17].
Tecendo o fio da inveja e
da mudança social, Kuehnelt-Leddihn nos faz lembrar que:
"Nos últimos 200
anos a exploração da inveja, sua mobilização entre as massas, juntamente com a
depreciação dos indivíduos, porém, mais frequentemente das classes, etnias e
comunidades nacionais ou religiosas, tem sido a verdadeira chave para o sucesso
político. A história do mundo ocidental desde o fim do século 18 não pode
ser escrita sem esse fato sempre em mente. Todos os "ismos"
esquerdistas tocam neste tema, ou seja, no privilégio de grupos, grupos
minoritários, que na verdade, são objetos de cobiça e ao mesmo tempo temas de
inferioridades intelectuais-morais. Eles não têm direito às suas posições
elevadas. Eles devem estar em conformidade com o resto, devem se tornar
idênticos ao "povo", devem renunciar aos seus privilégios, devem se
conformar. Se falam outra língua, devem deixar de usá-la e falar a língua da
maioria. Se são ricos, suas riquezas devem ser tributadas ou confiscadas".
[18] (grifos no original). Este método de
despertar a inveja, frequentemente mascarada de virtude — "estamos
fazendo isto em prol dos pobres e oprimidos" — é construído com base em um
sentimento de superioridade moral e indignação, que em seguida se fermenta em
ódio e "ação social". Neste ponto a emoção do ideal se
transforma no condutor da transformação. Apoiado sobre esse elevado ponto auto-construído,
rapidamente, aprovamos o socialismo (o roubo de todos para o "bem
maior"). Ou, descontentes com a lentidão do socialismo, buscamos o
comunismo por meio da revolução (a destruição de uma classe para o "bem
maior"). De qualquer maneira, instituímos o coletivismo — a capacitação
daqueles que reivindicam conduzir o bem geral.
Em tudo isto, a
democracia aparece em plena forma, assumindo um papel de purificação expressa
como "O Governo das Massas". Aquele que controla a maior multidão por
meio da emoção do ideal é quem governa. A mudança social então ocorre, seja por
meio das urnas, ou pelo cano de uma arma. Não importa: A massa falou, a
igualdade será imposta, e poderemos sentir a "calorosa sensação de rebanho
da fraternidade". [19].
Herbert Read, um crítico
literário e ex-marxista, compreendeu bem essas conexões:
"O comunismo é uma
forma extrema de democracia, e é totalitário; entretanto, o Estado totalitário
sob a forma do fascismo é igualmente uma forma extrema de democracia. Todas as
formas de socialismo, seja o socialismo estatal do tipo russo, o socialismo
nacional do tipo alemão, ou o socialismo democrático do tipo britânico, são
declaradamente democráticos, isto é, todos eles obtêm aprovação popular por
meio da manipulação psicológica das massas." [20].
Ao longo dos anos,
líderes comunistas e socialistas têm reunido as massas com a mensagem de
desigualdade ("opressão") e a solução da justiça social: igualdade
econômica. "O comunismo estava destinado a ter um propósito universal
libertador. Ele iria colocar um fim nas desigualdades e estabelecer a real
justiça social." [21].
Em 1898, Eugene V. Debs —
posteriormente chamado de "O maior marxista da América" — igualou uma
sociedade coletiva, a liberdade industrial e a justiça social. [22]. Alguns
anos mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial, ele observou que a paz
permanente baseada na justiça social não poderia ocorrer até que o
"despotismo industrial nacional" fosse substituído pela
"democracia industrial internacional". O lucro econômico era um
anátema para a paz, e o fim da guerra só poderia vir com "o fim do lucro e
da espoliação entre as nações". [23]. Uma nova ordem era necessária, em
que uma classe era despojada e substituída por um mecanismo internacional e
humano mais progressista.
V. I. Lenin e sua turma
"chegaram ao poder com um ambicioso programa de medidas destinado a
assegurar a justiça social e a melhorar a vida dos pobres." [24]. Maxim
Gorky, que foi um amigo de Lenin, expressou isto em palavras louváveis de
apreço:
"... Seria uma
tarefa difícil pintar o retrato de Vladimir IIyitch Lenin. Suas palavras eram
tanto parte de sua aparência externa como as escamas são para um peixe. A
simplicidade e a franqueza de tudo o que ele disse eram uma parte essencial de
sua natureza. Os feitos heróicos que ele realizou não estão cercados por
nenhuma auréola resplandecente. O seu heroísmo era aquele que a Rússia conhece
bem — a modéstia, a vida austera de auto-sacrifício do verdadeiro intelectual
revolucionário russo que, em sua crença inabalável na possibilidade de justiça
social na terra, renuncia a todos os prazeres da vida a fim de trabalhar pela
felicidade da humanidade." [25].
O resultado foi
desastroso. Mervyn Matthews nos conta: "As tentativas de banir a
'exploração capitalista' simplesmente destruíram as classes mais ricas sem
beneficiar mais do que uma pequena proporção dos pobres." [26].
Mas, aquilo beneficiou
Lenin e sua turma. Não se impressione com a montanha de cadáveres; o progresso
sempre tem um preço.
"Desde que a
Revolução Francesa estabeleceu um novo padrão elevado de liberdade política no
mundo, não houve nenhum outro avanço no progresso democrático e na justiça
social comparável com a Revolução Russa..." (Partido Socialista da
América, nota à imprensa, agosto de 1918).
Em 1922, a Revolução
Russa tinha custado as vidas de 6 a 10 milhões de pessoas.
Décadas depois nas
Américas, Fidel Castro resumiu a revolução cubana "como uma aspiração por
justiça social". [27]. Che Guevara resumiu sua sangrenta revolução como
uma "luta armada pela liberdade de direitos e pela justiça social."
[28]. Esse tema bruto é comum a todos os levantes da esquerda, porque repousa
no coração de todas as ideologias esquerdistas. A Série de Aulas Sobre Justiça
Social, de Will Miller, demonstra esse fato por meio do simbolismo em seu
estandarte:
Marxismo, paz mundial, revolução social, feminismo, etc.
Celia Hart, uma
internacionalista, em dezembro de 2003, coloca desta forma:
"... Precisamos
entender que o único caminho para a paz e para a justiça social é o socialismo.
A coexistência pacífica e todas as suas falácias tragicamente perderam sua
oportunidade de triunfar.
Com classes exploradoras nunca haverá justiça social,
e sem a justiça social nunca haverá paz...
Vamos unir o povo sob a bandeira da
Internacional. O mundo nunca precisou, como agora, se lembrar do dia 7 de
novembro (o aniversário da Revolução de Outubro). Devemos compreender como
nunca que a bandeira do bolchevismo nunca morreu... E vamos gritar aos nossos
inimigos, independente de sermos chamados por eles de terroristas, que não
lutaremos pela guerra imperialista, ou pela paz miserável das injustiças;
lutaremos juntos pela revolução socialista em combate permanente. Trabalhadores
de todo mundo, uni-vos!" [29].
Isto é um chamado
radical. Hoje, vemos a justiça social ligada a uma miríade de movimentos
radicais, incluindo o ambientalismo. Termos moralmente elevados e que soam
bonitos aos ouvidos surgem dessa união marxista-verde: "Eco-justiça",
"justiça-verde", e "justiça climática".
Em 1990, o governo da
província canadense de Manitoba, com a participação da UNESCO, convocou a
prestigiosa Conferência Mundial da Energia do Meio Ambiente e da Economia. O
tema foi provocativo: "Estratégias de Desenvolvimento Sustentável e a Nova
Ordem Mundial".
Um relatório foi
divulgado com os resultados, intitulado Programa de Desenvolvimento
Sustentável para um Novo Mundo. O Capítulo 2, "Rumo à Constituição
Global Verde" apresenta uma seção com o subtítulo "Justiça
Social". O controle populacional, os regulamentos da energia verde e
sistemas contábeis que sugerem "uma política oficial global de uma criança
por família", e o "princípio da igualdade econômica global",
seriam fundamentais para o "governo verde", dizia o texto. Os direitos
humanos poderiam também estar na linha de frente. Tenha em mente que o
seguinte, foi considerado uma situação positiva das coisas:
"Popular ou não, os
governos verdes irão se opor à qualquer cultura, se esta se revelar prejudicial
em razão de gênero, idade, cor, etnia, religião, crença, orientação sexual,
condição física ou mental, estado civil, composição familiar, fonte de renda,
opinião política, nacionalidade, preferência de idioma ou lugar de
origem." [30].
"Atitudes
intoleráveis" não serão permitidas, tudo em nome da proteção aos
oprimidos. Agora, a opressão real é má. Ninguém em perfeito juízo quer que o
despotismo ocorra ou floresça. Mas a justiça social à moda coletivista é a
forma mais perigosa de opressão que se possa imaginar. Além disso, o
verdadeiramente oprimido — como os camponeses da antiga União Soviética —
raramente têm sua carga aliviada sob a justiça social. Em vez disso, com a
destruição do capital criativo inerente ao mercado livre, a situação dos fracos
continua. A vida se torna mais difícil.
Não é de se admirar que
F. A. Hayek tenha chamado a justiça social baseada no marxismo de
"pseudo-ética". Uma ética "é reprovada em todos os critérios que
um sistema de regras morais deve satisfazer, para assegurar a paz e a
cooperação voluntária dos homens livres." [31].
Usando
Corretamente Nossos Termos
"Minha igreja tem um
mandato de justiça social... Isto é algo que apoio." Parece bom, mas você pode
me dizer o que isto significa? A resposta usual que recebo, felizmente
centra-se em alimentar os pobres, ajudar em um abrigo para os sem-teto ou em
uma casa de apoio, dar assistência aos idosos, trabalhar com adolescentes
problemáticos ou ajudar a manter um orfanato.
Desculpe, isto não é
justiça social. O conceito predominante de justiça social nos últimos 150 anos
tem sido focalizado na ladeira escorregadia da redistribuição da riqueza
defendida pelos papas e em uma versão marxista de coletivismo. Alimentar os
pobres e ajudar os necessitados, a partir de uma perspectiva cristã, não é
justiça social — é a compaixão bíblica, um ato generoso de amor.
Atos como
esses de compaixão envolvem vidas individuais, e estão baseados no chamado
cristão de amar aos outros mais do que a si mesmo. Este é o âmago da compaixão:
Um indivíduo vê uma necessidade e, operando com amor, aproxima-se para atender
a essa necessidade. As igrejas também devem funcionar de maneira semelhante.
Uma necessidade é manifesta e, movida pela compaixão, a congregação trabalha
para resolver o problema. A coerção nunca entra em cena, nem um programa
político emerge, nem um chamado à igualdade econômica é ouvido.
A parábola bíblica do Bom
Samaritano revela a verdadeira compaixão (Lucas 10). Um homem judeu havia sido
espancado, roubado e abandonado à morte no caminho. Várias pessoas passaram por
ele, incluindo um religioso. Entretanto, um viajante samaritano vê o homem e,
embora pertença a um grupo étnico que é desprezado pelo homem espancado, ele
reconhece o desespero e age individualmente — tratando de suas feridas e
provendo um lugar de repouso e abrigo. E o samaritano paga todas as despesas
sem exigir devolução ou recompensa, seja por parte da vítima, de sua família ou
da comunidade, ou do governo ou da classe dominante.
No entanto, se o
samaritano fosse um defensor do tema dominante na justiça social, ele teria
agido por uma causa diferente e para fins diferentes. O samaritano teria usado
a ocasião para fazer lóbi pela transformação social:
1.Os
salteadores eram realmente vítimas de um sistema econômico injusto, e agiram em
resposta à opressão da classe dominante.
2.A
fim de fazer justiça a essa classe oprimida, e dirigi-la de volta a uma
comunidade solidária, a redistribuição de riqueza equitativa deve ser
realizada. Os ricos devem ser tributados para financiar programas sociais
necessários. Uma sociedade mais equitativa é necessária.
3.Quem
assumirá as despesas médicas da vítima? A comunidade ou os ricos.
4.Este
trágico acontecimento, o samaritano diria, é um lembrete figurativo da luta de
classes. Todos somos vítimas de uma ordem econômica injusta. Portanto, devemos
ser "a voz dos que não têm voz" e defender a mudança social radical.
No âmbito da justiça
social, há outro programa que se esconde por trás do trágico: Uma causa
político-econômica pega carona e é alavancada — a causa da igualdade econômica
por meio da redistribuição da riqueza. Não se trata de realmente ajudar a
vítima, mas de fazer uso da vítima. A justiça bíblica,
por outro lado, nunca busca desmantelar as estruturas de classes. Más
ações são condenadas, mas isto não é específico para uma determinada camada
social. Considere as palavras de Levítico 19:15: "Não
farás injustiça no juízo; não respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com
justiça julgarás o teu próximo." O Dr. Mark W. Hendrickson
ajuda a colocar as coisas em perspectiva:
"A justiça (bíblica)
não apenas significa que ninguém deve ser perseguido por ser pobre ou
favorecido por ser rico, mas que (contrariamente à doutrina da justiça social)
ninguém deve ser perseguido por ser pobre ou favorecido por ser rico".
[32].
O Dr.
Hendrickson completa:
"O principal erro
dos praticantes da 'justiça social' de hoje é sua hostilidade à desigualdade
econômica por si só. A teoria da justiça social falha em distinguir entre as
disparidades econômicas que resultam de atos injustos e as que fazem parte da
ordem natural das coisas. Todos os cristãos se opõem à ações injustas... Mas,
não é necessariamente injusto que algumas pessoas sejam mais ricas que as
outras."
"Deus nos fez
diferentes uns dos outros. Somos desiguais em aptidão, talentos, habilidades,
ética do trabalho, prioridades, etc. Inevitavelmente, essas diferenças resultam
em alguns indivíduos que produzem e obtêm muito mais riqueza do que os outros.
À medida que aqueles que no campo da "justiça social" se tornam
obcecados em eliminar a desigualdade econômica, eles se vêem em guerra com a
natureza da criação do Criador."
"A Bíblia não
condena a desigualdade econômica. Você não pode ler Provérbios sem enxergar que
algumas pessoas são pobres por causa de seus próprios vícios. Não há nada
injusto no fato de as pessoas colherem aquilo que semearam, seja a riqueza ou a
pobreza."
"O próprio Jesus não
condenou a desigualdade econômica. Sim, Ele repetidamente advertiu sobre as
armadilhas da riqueza material, Ele condenou a confortável convenção e
tendência dos fariseus de considerarem a prosperidade como um sinal de honra e
superioridade, Ele ordenou a compaixão para com os pobres e com os que sofrem.
Mas, Ele também disse a seus discípulos: 'Porquanto
sempre tendes convosco os pobres.' (Mateus 26:09) e, na Parábola dos Talentos
(Mateus 25:24-30), Ele condenou a falta de um uso produtivo dos talentos
recebidos de Deus — sejam muitos ou poucos, excepcionais ou comuns. Na
parábola, um senhor toma o dinheiro do seu servo que menos tinha recebido e o
entrega para o servo que mais tinha recebido, aumentando assim a desigualdade
econômica."
"A missão do Senhor
foi nos redimir do pecado, não redistribuir nossa propriedade ou impor uma
igualdade econômica sobre nós. De fato, Jesus explicitamente se recusou a
prejudicar os direitos de propriedade ou pregar a igualdade econômica, quando
respondeu ao homem que lhe pediu para dizer a seu irmão para dividir a herança
com ele: 'Homem, quem me pôs a mim por juiz ou
repartidor entre vós?' (Lucas 12:14)" [33].
Devo confessar que é
fácil cair na maneira de pensar da justiça social. Meu discurso retórico da
infância sobre o que eu concebia serem injustiças, me mostrou,
retrospectivamente, a força de um ideal emocional. No entanto, se por algum
motivo eu tivesse seguido no meu desabafo hipócrita, e me tornado um defensor
da justiça social, no verdadeiro sentido da frase, uma triste ironia teria
ocorrido: Em nome da "justiça", eu teria promovido o roubo
socialmente sancionado.
Queridos cristãos, vamos
agir com compaixão, ser caridosos, e buscar a verdadeira justiça; sejamos
sábios em nossas ações, claros na nossa linguagem e honestos em nossas
motivações.
Notas
Finais
1. Celia Hart, The Flag of
Coyoacan, editado por Walter Lippmann em agosto de 2004. Reimpresso
em www.Marxist.org. 2. William E. Murnion, "The Ideology of Social
Justice in Economic Justice For All", Journal of Business Ethics,
pág. 848, 1989. 3. Erik von Kuehnelt-Leddihn, Leftism: From de Sade
and Marx to Hitler and Marcuse (Arlington House, 1974), pág. 17. 4.Prose of Relevance, Volume 1 & 2 (Methuen,
1971); Maryjane Dunstan and Patricia W. Garlan, Worlds in the Making: Probes
for Students of the Future (Prentice-Hall, 1970). 5. Frederick C. Barghoorn, Soviet Foreign Propaganda
(Princeton University Press, 1964), págs. 93-94. 6. Ibidem pág. 89. 7. Marvin L. Krier Mich, Catholic Social Teaching and
Movement (Twenty-Third Publications, 1998), pág. 80-81. Veja também Daniel
M. Bell, Liberation Theology: After the End of History (Routledge,
2001), pág. 104. 8. Daniel M. Bell, Liberation Theology After the End
of History (Routledge, 2001), pág. 104. 9. Ibidem, pág. 104. 10. Thomas Behr, “Luigi Taparelli and Social Justice:
Rediscovering the Origins of a Hollowed Concept,” Social Justice in Context,
Volume, 1. 11. Papa João XXIII, Mater et Magistra,
Parágrafo 40. 12. Papa João XXIII, Pacem in
Terris, veja a Seção 4, Parágrafos 130 a 141. 13. Papa Paulo VI, Discurso na ONU, 4
de outubro de 1965; Seção 3. 14. William E. Murnion, “The Ideology of Social Justice
in Economic Justice For All”, Journal of Business Ethics, veja as
páginas 847-857, 1989. 15.The Chartist Movement: The Fraternal Democrats to
the Working Classes of Great Britain and Ireland, 10 de janeiro de 1848.
Conforme republicado em www.Marxists.org. 16. Karl Marx and Friedrich Engels, The Communist
Manifesto (Penguin, 1967), pág. 104. 17. Erik von Kuehnelt-Leddihn, Leftism: From de Sade
and Marx to Hitler and Marcuse (Arlington House, 1974), pág. 419. 18. Ibidem, pág. 18. 19. Ibidem, pág. 17. 20. Conforme citado em Leftism, pág.
174. 21. Robert Gellately, Lenin, Stalin, and Hitler: The
Age of Social Catastrophe (Vintage, 2007), pág. 10. 22. Eugene V. Debs, "The American Movement",
publicado em Debs: His Life Writings and Speeches, e reimpresso em
www.Marxist.org. 23. E. V. Debs, "The Prospect for Peace", American
Socialist, 1916, reimpresso em www.Marxist.org. 24. Mervyn Matthews, Poverty in the Soviet Union: The
Life-styles of the Underprivileged in Recent Years (Cambridge University
Press, 1986), pág. 7. 25. Maxim Gorky, Days With Lenin, Readings in Russian
Civilization, Volume 3 (The University of Chicago Press, 1969), págs. 517-518. 26. Matthews, Poverty in the
Soviet Union, pág. 7-8. 27. Castro, Quando o Povo Governa,
discurso em 21 de janeiro de 1959, Havana, Cuba. 28. Che Guevara, entrevista em 18 de
abril de 1959 a dois jornalistas chineses, K’ung Mai e Ping An. 29. Celia Hart, ibidem. 30. Jim Bohlen, Towards A Global Green Constitution,
Sustainable Development for a New World Agenda (Proceeding, October
17-20, 1990), pág. 11. 31. F. A. Hayek, Law, Legislation and Liberty: The
Political Order of a Free People (University of Chicago Press, 1979), pág.
135. 32. Mark W. Hendrickson, The Social Justice Fallacy?
Wolves in Sheep’s Clothing, 7 de abril de 2010 (The Center for Vision &
Values, Grove City College).
"A maioria de nós
não é competidor... Somos os prêmios. A competição é sobre quem estabelecerá
o primeiro sistema de governo mundial... Ninguém conseguirá ficar isento de
seus efeitos. Nenhum setor de nossas vidas deixará de ser afetado."
[1; Malachi Martin].
Em 1990, um ex-integrante
do Vaticano alegou que uma luta titânica estava sendo travada para produzir um
sistema político mundial. Essa disputa, o agora falecido jesuíta explicou, era
originalmente entre três competidores: o leninismo internacional, as elites
empresariais transnacionais e a mão do Vaticano.
Quase vinte anos se
passaram desde que Malachi Martin chamou a atenção para essa busca de três
vias. Naquela época, suas declarações pareceram ultrajantes. Claro, a ideia de
um governo mundial por meio do comunismo não era nova, pois as décadas da
Guerra Fria ainda estavam frescas em nossas mentes. E a escrita estava na
parede a respeito do crescente poder das elites internacionais empresariais e
financeiras, exemplificada por tipos como David Rockefeller e pela Comissão
Trilateral. Mas, e o Vaticano?
Para muitos, a crença de
que a Santa Sé estava perseguindo uma visão de governo mundial era simplesmente
exagerada. Afinal, esse antigo centro do catolicismo romano tinha a reputação —
principalmente entre os jovens agnósticos da Europa — de ser uma instituição de
homens velhos, mergulhada em tradições, procissões e cerimoniais. E isto,
apesar de a história do continente quase sempre girar em torno da força
política do Vaticano.
No verão de 2009, as
cartas políticas da Santa Sé foram reveladas em um importante documento papal.
Voltando à declaração de Malachi Martin sobre o governo mundial, o cargo
religioso mais poderoso do planeta propôs uma autoridade política mundial para
administrar a economia global. A segurança alimentar, o desarmamento e a paz
viriam em seguida.
Uma economia global
sólida e a paz mundial são objetivos que soam bastante nobres. Mas, o perigo se
esconde no fato que as sementes da tirania muitas vezes são enterradas no solo
das boas intenções.
Em 7 de julho, o papa
Bento XVI lançou sua nova encíclica intitulada Caritas in Veritate, ou Caridade
na Verdade. Após dois anos em elaboração, esse documento foi divulgado na
véspera do Encontro de Cúpula do G-8 na Itália e da reunião do papa com o
presidente dos EUA Barack Obama. Com cerca de 30.000 palavras, a encíclica
descreveu as preocupações do papa a respeito da globalização e da economia,
ética empresarial e o papel da Igreja Católica na promoção da doutrina social.
Comentando a encíclica, o
jornal The New York Times observou que "às vezes, Bento soa como um
socialista europeu da velha escola..." [2] e o San Francisco Chronicle
explicou que:
"Caridade na Verdade
aborda questões muito modernas, como a globalização, a economia de mercado, os
fundos de hedge, terceirização e energia alternativa, convocando as
pessoas a deixarem de lado a ganância e permitir que suas consciências as
orientem nas decisões econômicas e ambientais. Muitas das ideias apresentadas
provavelmente poderão irritar os conservadores..." [3].
Embora a perspectiva do
papa Bento sobre a economia global seja uma combinação desconcertante de livre
mercado e ideais de bem estar social, o que causou surpresa foram seus
pensamentos sobre a política internacional. Na seção 67 de Caridade na
Verdade, o papa soltou uma bomba ideológica — uma autoridade mundial para "administrar
a economia", realizar o "oportuno desarmamento" e garantir a
"segurança alimentar e a paz".
Aqui está a maior parte
da seção 67. A referência a uma "autoridade política mundial" está
muito clara e o papa Bento explica que deve ser dado a esse organismo
internacional o poder de imposição, de se fazer obedecer, isto é, força real.
67. Perante o crescimento incessante
da interdependência mundial, sente-se imenso — mesmo no meio de uma recessão
igualmente mundial — a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações
Unidas quer da arquitetura econômica e financeira internacional, para que seja
possível uma real concretização do conceito de família de nações.
De igual modo sente-se a
urgência de encontrar formas inovadoras para atuar o princípio da
responsabilidade de proteger e para atribuir também às nações mais pobres uma
voz eficaz nas decisões comuns. Isto revela-se necessário precisamente no
âmbito de um ordenamento político, jurídico e econômico que incremente e guie a
colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos.
Para o governo da
economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de
modo a prevenir o agravamento da mesma e em consequência maiores
desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a
segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para
regulamentar os fluxos migratórios urge a presença de uma verdadeira Autoridade
política mundial, delineada já pelo meu predecessor, o Beato João XXIII.
A referida Autoridade
deverá regular-se pelo direito, ater-se coerentemente aos princípios de
subsidiariedade e solidariedade, estar orientada para a consecução do bem
comum, comprometer-se na realização de um autêntico desenvolvimento humano
integral inspirado nos valores da caridade na verdade. Além disso, uma tal
Autoridade deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder efetivo para
garantir a cada um a segurança, a observância da justiça, o respeito dos
direitos. Obviamente, deve gozar da faculdade de fazer com que as partes
respeitem as próprias decisões, bem como as medidas coordenadas e adotadas nos
diversos fóruns internacionais.
Uma controvérsia imediata
cercou este parágrafo, com alguns católicos rapidamente tentando afastar a
ideia que a Santa Sé apoiava o governo mundial.
Hierarquia
de Poder
John-Henry Westen,
escrevendo para o LifeSiteNews, afirmou inequivocamente que o papa
estava falando "diretamente contra um governo mundial". A
justificativa dele para essa posição foi a chamada do papa para uma
"autoridade política dispersa", no parágrafo 41 — uma referencia ao
papel dos Estados no sistema internacional. Westen também apresenta o uso do
termo "subsidiariedade" na seção 57 como um ataque ao governo
mundial.
Este é um ponto
importante: Subsidiariedade é o ensino social católico de que as
questões devem ser tratadas ao nível mais baixo possível. Em muitos aspectos,
ele se baseia no tema da autodeterminação e, neste sentido, se mostra contrário
a uma autoridade mundial.
A Seção
57 da Caridade na Verdade diz:
"Para não se gerar
um perigoso poder universal de tipo monocrático, o governo da globalização deve
ser de tipo subsidiário, articulado segundo vários e diferenciados níveis que
colaborem reciprocamente. A globalização tem necessidade, sem dúvida, de
autoridade, enquanto põe o problema de um bem comum global a alcançar; mas tal
autoridade deverá ser organizada de modo subsidiário e poliárquico, seja para
não lesar a liberdade, seja para resultar concretamente eficaz."
O Sr. Westen, que afirma
que o uso da subsidiariedade de Bento se opõe ao governo mundial, diagnosticou
incorretamente esta seção. O papa não está falando contra o governo mundial ao
evocar a subsidiariedade, ao contrário, está oferecendo um modelo
hierárquico sobre o qual uma autoridade mundial deve ser construída.
Essencialmente, onde as questões possam ser tratadas no nível local ou nacional,
que sejam tratadas nesses domínios. E onde as questões são globais e não podem
ser tratadas adequadamente em um nível inferior, então uma autoridade mundial é
necessária.
O papa Bento também
sugeriu que a subsidiariedade possa ser um valor de segurança que serve como
contrapeso para um governo universal não assumir características tirânicas.
Mas, propor que a subsidiariedade seja um modo de se contrapor à tirania não é
convincente — ela não pode nem mesmo conter a expansão do grande governo de hoje.
John Laughland, autor de The
Tainted Source: The Undemocratic Origins of the European Idea (As Origens
Antidemocráticas do Pensamento Europeu), observou que: "... a Constituição
Alemã tornou-se cada vez mais centralizada como resultado de sua cláusula de subsidiariedade."
A União Europeia também incorpora esse conceito; todavia, isso não a impediu de
centralizar poder político e acumular uma burocracia inchada. Subsidiariedade,
de acordo com Laughland, é um modelo que assume uma "hierarquia piramidal
unitária de funções executivas" com uma doutrina decididamente
corporativista. [6].
A subsidiariedade pode
ser encontrada até no sistema da ONU. O professor Robert Araújo explica que: "o
princípio da subsidiariedade é reconhecido como um princípio fundamental da
Organização das Nações Unidas". [7] Aqui, o conceito está centrado na
autodeterminação no Artigo 1, Parágrafo 2 da Carta da ONU. No entanto, isso não
impede a ONU de buscar jurisdição internacional autorizada sob a bandeira de
"reforma".
É importante observar que
a subsidiariedade permite tomada de decisão e autodireção em nível da
população, mas isto dentro do contexto de uma perspectiva mais abrangente. O
professor Araújo explica que é um "conceito que sintetiza os
interesses do indivíduo com os da comunidade".
Portanto, não é
difícil ver como esse princípio pode se aliar com uma autoridade mundial — você
pode exercer controle político local, mas onde o envolvimento local termina, os
outros níveis de governo intervêm em prol do "bem comum".
Dizer que o papa Bento se
opõe ao governo mundial porque evocou a subsidiariedade não é a questão: a
subsidiariedade desempenha um papel funcional na hierarquia dos poderes
políticos crescentes. O que o Parágrafo 57 demonstra não é uma aversão ao
governo mundial, mas a ordem da tomada de decisão em que Bento acredita que
esse governo deve se basear.
Reforma
e Autoridade Mundial
O Parágrafo 67 da Caridade
na Verdade é abertamente político por natureza. Aqui está uma análise de
alguns pontos-chave:
"Reforma das
Nações Unidas"
— A reforma das Nações Unidas está centrada em mais do que apenas
"alterações na votação" ou "transparência". Pelo contrário,
a reforma está conectada com uma tributação mundial, um componente de imposição
das leis internacionais e a criação de um parlamento internacional. Uma pequena
montanha de relatórios e documentos que suportam essa versão de reforma, já
existe, apoiada pelas Nações Unidas, pelos governos nacionais e grupos pró-ONU,
como o Movimento Federalista Mundial e o Clube de Roma. [8] De fato, essa
plataforma de tributação internacional, imposição das leis e um Parlamento
Mundial foram os pontos principais de discussão no Foro do Milênio da ONU —
particularmente durante as reuniões organizadas pelo grupo de trabalho sobre
"Fortalecimento e Democratização das Nações Unidas". [9].
Cliff Kincaid, editor do
site Accuracy in Media, observou as ligações entre a reforma e o governo
mundial na Seção 67 do texto papal:
"... a
"reforma" da ONU tem o objetivo de fortalecê-la. Por esta razão, a
ONU está claramente destinada, do ponto de vista do Vaticano, a se tornar a
Autoridade Política Mundial." [10].
A reforma da ONU vai
muito além de trocar a mobília dos escritórios.
"Responsabilidade
de proteger"
— Conhecido como R2P, este é um ideal federalista mundial que daria à ONU um
mandato para intervir internamente quando um país cometer uma violação aos
direitos humanos. Aparentemente, parece ser uma boa ideia, mas os críticos — e
até mesmo alguns defensores — percebem que esse mandato poderá abrir a Caixa de
Pandora.
José E. Alvarez,
presidente da Sociedade Americana de Direito Internacional, reconheceu esta
situação, ao discursar em uma conferência sobre Direito Internacional, em Haia,
em 2007. O R2P, sugeriu ele, poderá ser usado como um pretexto para o envolvimento
em todos os tipos de ações intervencionistas questionáveis. [11].
Ninguém em sã consciência
deseja que um grupo de pessoas sofra genocídio ou injustiças graves. O R2P, no
entanto, é um conceito seriamente defeituoso que tem potencial para graves
abusos. A partir de uma perspectiva de gestão mundial, o direito de proteger se
torna a justificativa legal para uma autoridade política mundial agir
militarmente. O perigo se enconde no fato que as sementes da tirania são muitas
vezes enterradas no solo das boas intenções.
Para saber mais sobre o
conceito R2P, veja o Volume 2, Número 7 de Forcing Change (http://www.forcingchange.org)
— Kosovo and the International Community: Just Another Pawn in the Game
("Kosovo e a Comunidade Internacional: Apenas outro Peão no Jogo").
"Para governar a
economia global"
— Isto já está sendo discutido na comunidade internacional, e está parecendo
que a nova ordem financeira mundial será uma estrutura de poder hierárquica que
fortalecerá muito as instituições globais existentes:
O Banco de
Compensações Internacionais — será o regulador bancário global. O BIS (do
inglês Bank for International Settlements) está se posicionando
rapidamente como o gerente do sistema bancário internacional, um órgão que irá
supervisionar os bancos e o sistema financeiro de todo o mundo, incluindo a
regulação do capital internacional. Uma entidade deste tipo seria o equivalente
para os banqueiros de "O Rei do Pedaço". [NT: Para saber mais
sobre o BIS, leia "O
Sistema Financeiro Internacional — Parte 3: O Banco de Compensações
Internacionais".] O Los Angeles Times escreveu no ano passado
que:
"... Esse sistema
forçaria os países a abrirem mão de certa medida de sua soberania nacional para
os bancos que operam dentro de seus territórios. Isto também poderá levar
burocratas internacionais a tentarem moldar a política financeira e,
possivelmente, tomarem medidas punitivas."
Fundo Monetário
Internacional —
Será o banco da moeda de reserva mundial. Neste esquema, o FMI estará
encarregado de regular uma nova moeda global a ser utilizada no comércio
internacional, incluindo o setor de energia. Colaborando com o Banco Mundial, o
FMI usará, do mesmo modo, essa nova unidade monetária para realizar empréstimos
internacionais e cobrar as obrigações da dívida. As moedas nacionais e
regionais ainda existirão, pelo menos provisoriamente, mas os valores reagirão
e se ajustarão de acordo com os novos critérios e parâmetros globais. [NT:
Para saber mais sobre o FMI, leia "O Sistema Financeiro Internacional — Parte 1: O Fundo
Monetário Internacional (FMI)".]
Organização Mundial do
Comércio — Está
se tornando a reguladora do comércio global. A OMC estabelecerá as regras para
a comercialização de bens e serviços por meio de um conjunto de padrões
organizados de forma global, um processo que atualmente está em negociação. As
políticas comerciais nacionais se alinharão depois às práticas mundiais
aprovadas. Tudo isto já está acontecendo, mas há outra ligação entre o livre
comércio global e um novo sistema financeiro internacional. Richard Cooper,
embora defendendo uma única moeda de reserva global, observou o seguinte em uma
conferência, em 1984, patrocinada pelo Banco da Reserva Federal de Boston:
"Seria lógico se o
livre comércio (mundial) seguisse esse regime de moeda única. Isso também seria
condizente com o espírito político colaborativo necessário para estabelecer o
regime de moeda única. O livre comércio asseguraria um mercado de bens e de
instrumentos financeiros." [12].
Organização das Nações
Unidas — Está
rapidamente se tornando a ética global e agência de governança. A ONU oferecerá
contribuição moral e orientação política para a recém-gerenciada economia
mundial. Essencialmente, esse órgão se tornará a "consciência
planetária", definindo as atitudes, valores e comportamentos políticos e
do consumidor. Isto também já está acontecendo.
No fim de junho, a ONU
organizou uma conferência que delineou uma norma social aceita para a economia
global: uma cosmovisão centrada no planeta Terra, socialismo internacional e
uma visão de Nova Era da evolução planetária.
Lembre-se, a autoridade
política mundial de Bento XVI deverá gerenciar a economia global. Como
acontecerá a execução desse mandato? A autoridade mundial irá funcionar como um
guarda-chuva para os grupos acima mencionados? A Organização das Nações Unidas
poderá se reformar ao ponto de se tornar esse gerente da economia global?
A encíclica Caridade
na Verdade nos dá um vislumbre das diretrizes da autoridade mundial, mas
não fornece os detalhes operacionais. A Santa Sé fez o detalhamento,
descrevendo o processo em um documento interno de operação? Em caso afirmativo,
seria uma leitura muito interessante! Ou, oferecendo somente generalidades, o
Vaticano espera que outros atores importantes — como as Nações Unidas ou o
Movimento Federalista Mundial — elaborem os detalhes? Em caso afirmativo, qual
é a função do Vaticano neste sistema de governo mundial? Observador?
Consultor?
Supervisor?
Muitas
perguntas intrigantes surgem, e assim elas devem ser.
Nota: Para informações e análises sobre
a conferência citada acima, confira o relatório da Forcing Change (http://www.forcingchange.org)
— intitulado Building a New Common Future: Twisting Faith and Finance in a
Global Order ("Construindo um Novo Futuro Comum: Torcendo a Fé e as
Finanças em uma Ordem Global" (julho de 2009). Para mais informações sobre
a mudança para uma moeda única global, consulte os artigos da Forcing ChangeOne World, One Money ("Um Mundo, Uma Moeda") (Volume 1, Edição
12) e The Joseph Principle and Crisis Economics ("O Princípio de
José e a Crise Econômica") (Volume 2, Edição 9).
"Uma
autoridade... regulada por lei" — Os governos de todo mundo são regulados por leis
internas e exigências de prestação de contas; contudo, isso não impede que os
abusos, a corrupção e a tirania entrem em cena. A ideia de que uma autoridade
mundial possa ser mantida em xeque por um sistema de leis mundiais não se
sustenta.
"Verdadeira
autoridade politica mundial" — Este não é um ideal moral ou espiritual propagado pela
Santa Sé, mas é a visão de um governo mundial real. Isto está evidente no
contexto geral da Seção 67 e com as próprias palavras: "uma autoridade
política mundial".
Sem dúvida, o ofício
papal deseja ver um padrão espiritual incorporado a essa entidade política,
baseado em grande parte nos ensinos sociais da Igreja Católica. No entanto,
isso não garante de forma alguma que uma autoridade mundial agirá de boa
vontade. Como a história confirma, o próprio Vaticano está longe de ser imune
nesse aspecto, e "os detentores do poder" tendem a acumular mais e
mais poder.
Lembre-se das palavras de
Lord Acton, um historiador católico que escreveu o seguinte em resposta à
autoridade inquestionável do Vaticano: "O poder corrompe e o poder
absoluto corrompe absolutamente." [13].
Seguindo
uma Tradição
A promoção de um governo mundial do Papa Bento XVI não
ocorreu por acaso. Desde 1950 a Santa Sé tem agido constantemente para apoiar
uma ONU fortalecida e uma autoridade política mundial.
Papa Pio XII: Em 6 de abril de 1951, Pio XII
teve um encontro no Vaticano com o Movimento Mundial para um Governo Federal
Mundial — um precursor do Movimento Federalista Mundial.
Durante esse encontro,
Pio XII incentivou sua audiência pró-governo mundial a continuarem nessa busca.
"Seu movimento,
senhores, tem a tarefa de criar uma organização política eficaz do mundo. Não
há nada mais de acordo com as doutrinas tradicionais da Igreja ou melhor
adaptada a seus ensinos sobre guerra justa ou injusta, especialmente na
presente situação mundial. Uma organização desta natureza deve, portanto, ser
criada..."
O papa então explicou,
com razão, que os "germes mortais do totalitarismo mecânico" podem
infectar essa "organização política mundial". No entanto, ao observar
essa possibilidade, ele instruiu os participantes a seguirem uma abordagem
mundial federalista moralmente firme.
Encerrando o encontro, o papa encorajou
seus ouvintes a seguirem essa grande ideia.
"... Vocês têm a
coragem de se entregar a esta causa. Nós os parabenizamos. Gostaríamos de
expressar-lhes nossos votos de total sucesso e de todo nosso coração rezaremos
para que Deus lhes conceda Sua sabedoria e ajuda no desempenho de sua
tarefa." [14].
Papa João
XXIII: Em sua
encíclica de 1963, Pacem in Terris, João XXIII propôs uma autoridade
pública internacional com uma "esfera de atividade mundial" para
lidar com os problemas globais. Essa autoridade seria "equipada com poder
mundial e meios adequados para realizar o bem comum universal", embora não
possa se estabelecer pela força, "ela deve ser criada com o consentimento
de todas as nações."
Ao considerar como este
sistema funcionaria, João XXIII recorreu ao princípio da subsidiariedade,
dizendo que este deve ser aplicado "às relações entre a autoridade pública
da comunidade mundial e as autoridades públicas de cada comunidade política".
Subsidiariedade aqui,
como o uso de Bento do termo, não nega uma autoridade mundial — simplesmente
impõe uma estrutura hierárquica que reconhece cada nível, de baixo para
cima, como uma chave para o processo. [15].
Papa Paulo
VI: Ao falar na
Organização das Nações Unidas em 1965, a adulação vinda do papa foi agradável.
Em seu discurso, ele elogiou o sistema da ONU como "o caminho
obrigatório da civilização moderna e da paz mundial".
"O edifício que
vocês construíram nunca deve cair; ele precisa ser aperfeiçoado e deixado à
altura das necessidades que a história mundial irá apresentar. Vocês marcam uma
etapa no desenvolvimento da humanidade, em que o recuo nunca deve ser
admitido... Avancem sempre!...
Que a confiança unânime nesta instituição
cresça, que sua autoridade aumente."
Infelizmente, o papa
Paulo VI defendeu um governo mundial.
"Há alguém que não
veja a necessidade de chegar, assim, progressivamente ao estabelecimento de uma
autoridade mundial, apta para agir eficazmente nos níveis jurídico e
político?" [16].
Papa João
Paulo II: Em seu
discurso na ONU em 1995, João Paulo refletiu sobre as ligações históricas entre
o Vaticano e o organismo internacional.
"A Santa Sé, em
virtude de sua missão especificamente espiritual, que a torna interessada no
bem integral de cada ser humano, tem apoiado os ideais e metas da Organização
das Nações Unidas desde o início. Embora seus respectivos objetivos e
abordagens práticas sejam obviamente diferentes, a Igreja e as Nações Unidas
constantemente encontram áreas extensas de cooperação com base em sua
preocupação comum pela família humana." [17].
Embora o papa João Paulo
II tenha batido de frente com as Nações Unidas nas questões sobre família, ele
depositou enorme importância na obtenção de sistemas políticos de lei
internacional.
Em 1985, ele discursou para os juízes do Tribunal Internacional
de Justiça, dizendo-lhes que:
"A Santa Sé
atribui grande importância à colaboração com a Organização das Nações Unidas
e com os diversos organismos que são uma parte vital de seu trabalho. O
interesse da Igreja no Tribunal Internacional de Justiça remonta aos primórdios
deste Tribunal e aos eventos que estiveram ligados à sua criação..."
"A Igreja tem
constantemente apoiado o desenvolvimento de uma administração internacional
da justiça e arbitragem como um caminho de paz que resolva completamente os
conflitos e como parte da evolução de um sistema jurídico mundial..."
"Estritamente
falando, o Tribunal presente não é mais — mas também não é menos — que um
passo inicial para o que esperamos que um dia seja uma autoridade judicial
totalmente eficaz em um mundo pacífico." [18] (Itálico no original)
Em outros discursos e
escritos, como em sua encíclica Sollicitudo rei Socialis, João Paulo
defendeu um fortalecimento da lei mundial e um "grau superior de ordenação
internacional". [19]. Nada disso tem a mesma evidência que a recomendação
do papa Bento de uma "autoridade política mundial", mas isto segue um
tema político comum — o governo global ampliado e melhorado. A ideia do papa Bento de
uma "autoridade política mundial" não surgiu do nada. Pelo
contrário, ao longo de sucessivos pontificados, remontando a pelo menos Pio
XII, a Santa Sé tem nutrido visões de uma política internacional.
Influenciando
os Príncipes e os Destituídos
O fato de um líder
religioso propor uma autoridade mundial é interessante em si mesmo, mas, como
isso emana do ofício papal, uma medida extra de atenção é necessária.
Não podemos negligenciar
a influência exercida pela Santa Sé. O papa é muito diferente em relação às
outras figuras religiosas quando se trata de importância mundial. É verdade que
alguns líderes protestantes e evangélicos são consultados pelas elites
políticas, e membros dos governos muitas vezes procuram líderes de outras
religiões, como o Dalai Lama. Mas tudo isso é pequeno em comparação com os
poderes históricos e contemporâneos do ofício papal.
Durante séculos, a
Santa Sé tem sido a peça central dos assuntos políticos europeus. Sua história está repleta de
intrigas geopolíticas, guerras papais, ascensão e queda de potências nacionais.
Os membros das famílias reais de todas as partes do continente viajavam a Roma
e solicitavam audiência com o papa, na esperança de obter seu favor. Além
disso, o Vaticano tem sido um centro concentrador para os interesses bancários,
espionagem e negociações empresariais transnacionais. [21] Além disso,
exatamente como no passado, presidentes e primeiros-ministros curvam-se hoje
diante do papa, buscando seu conselho e discutindo particularmente as questões
de grande importância política, econômica e social.
Eric Frattini, o autor de
The Entity: Five Centuries of Secret Vatican Espionage ("A
Entidade: Cinco Séculos de Espionagem Secreta do Vaticano"), nos dá uma
visão desse mundo geopolítico: "O papado, a
autoridade suprema na liderança da Igreja Católica, é a instituição mais antiga
estabelecida no mundo. Foi a única instituição a prosperar durante a Idade
Média, um ator influente no Renascimento, um protagonista nas batalhas da
Reforma, da Contra-Reforma, na Revolução Francesa, na Era Industrial e na
ascensão e queda do comunismo. Durante séculos, fazendo pleno uso de sua famosa
'infalibilidade', os papas fizeram seu poder centralizado influenciar os
resultados sociais dos desdobramentos dos acontecimentos históricos..."
"... Ao longo da
história, o papado sempre apresentou duas faces: a da liderança mundial
da Igreja Católica e a de uma das melhores organizações politicas do
mundo. Enquanto os papas, por um lado, abençoavam seus fiéis, por outro,
recebiam embaixadores estrangeiros e chefes de Estado e despachavam emissários
e núncios em missões especiais." [22].
Além disso, por trás do
papa, está uma massa de católicos devotos, que não devem concordar com o
governo mundial, mas que estão, apesar disso, comprometidos com a Igreja
Católica Romana — e, assim, apoiam o pontífice. Avro Manhattan, um crítico da
Santa Sé, corretamente fez a correlação entre o poder do Vaticano e seus fiéis:
"O que dá ao
Vaticano seu tremendo poder não é sua diplomacia como tal, mas o fato de que
por trás de sua diplomacia está a Igreja, com todas as suas múltiplas
atividades abraçando o mundo..."
"... A diplomacia do
Vaticano é tão influente e pode exercer um poder tão grande no campo
diplomático-político porque tem ao seu dispor a tremenda máquina de uma
organização espiritual que tem ramificações por todos os países do mundo. Em
outras palavras, o Vaticano, como poder político, emprega a Igreja Católica
como uma instituição religiosa para auxiliar na obtenção de seus objetivos.
Esses objetivos, por sua vez, são procurados principalmente para promover os
interesses espirituais da Igreja Católica."
"... a hierarquia
católica automaticamente reage de acordo com inúmeras organizações religiosas,
culturais, sociais e, finalmente políticas, conectadas com a Igreja Católica,
que, embora vinculadas com a Igreja principalmente por motivos religiosos,
podem em determinados momentos ser usadas direta ou indiretamente para atingir
fins políticos." [23].
A questão é a seguinte:
Nenhum outro líder religioso no mundo detém tanta influência política e
econômica dentro de uma estrutura religiosa. Considere apenas o número de
adeptos que compõe a espinha dorsal da Igreja de Roma: Nos EUA, os católicos
constituem aproximadamente 22% da população, e 17% do total mundial — ou cerca
de 1,14 bilhão de pessoas. [24] É por isto que o pedido do papa Bento de uma
"autoridade política mundial" é tão significativo; o que ele fala
influencia centenas de milhões de líderes e leigos.
Se um pastor batista ou
um pregador menonita, com uma congregação de algumas dezenas ou poucas
centenas, fizesse o apelo para a criação de uma "autoridade política
mundial" no estilo da ONU — isto não teria muita repercussão além dos
bancos dessa igreja em particular. Os fiéis poderiam animar o pastor ou então
questionar suas suposições. Mas, falando em termos gerais, isto não causaria
uma reverberação para além da comunidade local. No entanto, quando o
"Santo Padre" — um título católico que denota mais que apenas um
"líder" — faz essa recomendação e tem o apoio dos apelos dos papas
anteriores, as ondas da influência repercutem por todo o mundo.
Conclusões
Há pelo menos seis
décadas que a Santa Sé tem apoiado a busca por uma estrutura política global.
O papa Bento, por meio de
sua encíclica recente, apoiou explicitamente a ideia de uma autoridade política
mundial; e esse governo mundial deve ser projetado para incorporar o princípio
da subsidiariedade. Outro ponto: Que a subsidiariedade em uma estrutura
política universal seria semelhante ao chavão: "Pense globalmente, aja
localmente."
A influência da Santa Sé
sobre a comunidade internacional é substancial e o papado tem o suporte e o
apoio geral de centenas de milhões em todo o mundo, acrescentando o apoio "local-para-global"
para as visões geopolíticas do Vaticano.
Os defensores do governo
mundial — como o Movimento Federalista Mundial — pegarão as recomendações do
papa Bento e as usarão para promover a ideia de gestão mundial.
Muitos católicos romanos
e organizações católicas, subsequentemente, irão endossar a proposta de uma
autoridade política mundial e, consequentemente apoiarão vários movimentos
pró-governança global.
Indivíduos e organizações
dentro e fora da Igreja Católica defenderão a encíclica papal, procurando
espiritualizar ou moralizar o texto, tentando desse modo amenizar a
controvérsia. No entanto, o intento do papa de uma autoridade política mundial
permanece.
Uma minoria de católicos
irá se opor veementemente ao chamado do papa para o fortalecimento da ONU e do
governo internacional (muitos mais serão indiferentes). A ridicularização e a
zombaria poderão ocorrer para aqueles que falarem publicamente contra os ideais
políticos de Bento XVI.
Espere uma cisão entre aqueles que se opõem e aqueles
que defendem o governo global.
Grupos religiosos
não-católicos apoiarão a encíclica do papa Bento. Um documento de resposta
evangélico já foi produzido por um grupo de professores e líderes nacionais
evangélicos.
Intitulado Praticando a Verdade em Amor, o texto reconhece que as novas
formas de autoridade global são necessárias, mas que elas "devem garantir
a participação crescente, a transparência e a responsabilidade, e ajudar a
fortalecer o estado da nação em relação ao poder financeiro global". [25]
Esta é uma visão mais utópica do que prática, pois poucos incentivos
reais levariam um governo mundial a operar assim abertamente.
Novas alianças e redes
serão formadas para aumentar a pressão política e social em apoio à gestão
global; essas
redes irão incorporar grupos católicos e do Vaticano, organizações
não-governamentais (ONGs) e elementos das Nações Unidas.
Quando a Santa Sé erguer
o cetro do governo mundial, isto deverá sacudir tanto os católicos quanto os
não católicos. Mesmo se uma autoridade política mundial não se concretizar,
essa defesa é impressionante. Aqui temos o ofício religioso mais influente de
todo o mundo — ele mesmo politicamente estruturado como uma autoridade
hierárquica de cima para baixo — promovendo um sistema também hierárquico de
cima para baixo de gestão internacional. A percepção por si só é profundamente
preocupante.
Além disso, se uma
autoridade política mundial realmente aparecer, o que a impedirá de se
transformar em um regime autoritário? Até nisto, estamos admitindo que a autoridade global será
introduzida como um governo limitado. A contradição máxima, é claro, é uma
autoridade mundial sem força. Sem ter a capacidade de imposição, de se fazer
obedecer, ela seria pouco mais que um conselho consultivo. Portanto, para
ser eficaz, ela precisa ser um poder centralista com influência; qualquer
coisa menor do que isto não faria sentido.
Mas é
isto que o mundo precisa para garantir a ordem mundial?
Considere por um
momento os últimos cem anos, um século repleto de exemplos de governos
centralistas "bem-intencionados" — eles sempre foram bem-intencionados para alguém.
Em nome da "paz e segurança" esses regimes esmagaram os opositores
internos, muitas vezes liquidando seus próprios apoiadores nesse processo.
Do Chile à China, o lema não-oficial "Paz é a destruição de toda a
oposição" foi colocado em prática. No caso da Alemanha nazista, o
governo chegou ao poder pela via do processo democrático.
Infelizmente, em
alguns casos o próprio Vaticano esteve de mãos dadas com aqueles que cometeram
esses crimes, como na Croácia durante os anos 1940. [26]
Será que tudo isto
significa que a Santa Sé apoia um regime ditatorial mundial? Não segundo a
encíclica do papa Bento, onde ele abertamente reconheceu a possibilidade
perigosa de um "poder universal de natureza tirânica". Sua esperança,
como descrito em Caridade na Verdade, é uma autoridade política mundial
colocada em xeque por limites legais para não "violar a liberdade".
Os excessos do governo seriam compensados por medidas de prestação de contas e
de responsabilização.
Este é um ótimo conceito
na teoria, mas que se apoia em uma suposição fraca: Que a autoridade política
mundial estará satisfeita em permanecer dentro de limitações determinadas,
satisfeita em operar dentro de rígidas restrições sociais, econômicas e
políticas. Aqui está o empecilho: nossas avançadas nações democráticas — e até
mesmo o Vaticano — não têm vivido e não conseguem viver de acordo com essa
norma fundamental.
Enquanto o papa Bento
tenta sutilmente persuadir os católicos e os líderes nacionais a aceitarem a
ideia de governo mundial, as sóbrias palavras de Lord Acton ecoam de um passado
quase esquecido: "O poder corrompe..."
Notas Finais
1. Malachi Martin, The Keys of This Blood (Touchstone, 1990),
pág.15. 2. The New York Times, "Pope Urges Forming New World
Economic Order to Work for the 'Common Good'," 8 de julho de 2009. Edição
on-line. 3. David Ian Miller, "The Pope pays the economy some
attention," The San Francisco Chronicle, 13 de julho de 2009.
Edição on-line. 4. E. J. Dionne Jr. "To the Right of the Pope", The Washington
Post, 8 de julho de 2009, edição on-line. 5. John-Henry Westen, "Pope's New Encyclical Speaks Against, not
for On-World Government and New World Order," www.LifeSiteNews.com,
8 de julho de 2009. 6. John Laughland, The Tainted Source: The Undemocratic Origins of
the European Idea (Little, Brown & Company, 1997), págs.154-155. 7. Robert John Araújo, "International Law Clients: The Wisdom of
Natural Law," Fordham Urban Law Journal, agosto de 2001. 8. Para alguns exemplos, dentre muitos, veja os seguintes relatórios: Our
Global Neighborhood (The Commission on Global Governance, Oxford
University Press, 1995 — apoiada e endossada diretamente pelo Secretário-Geral
da ONU); Toward a Rapid Reaction Capability for the United Nations
(Governo do Canadá, 1995); Rethinking Basic Assumptions About the United
Nations (World Federalist Association, 1992); Reshaping the
International Order (Clube de Roma, 1976). 9. Foro do Milênio da
ONU, 22-26 de maio de 2000. Veja o documento final, Millennium
Forum Declaration and Agenda for Action. 10. Cliff Kincaid, "Who Will Probe the UN-Vatican Connection?"
Accuracy in Media, 4 de agosto de 2009. (http://www.aim.org). 11. José E. Alvarez, The
Schizophrenias of R2P, Painel de Apresentação na Conferência Conjunta Sobre
Questões Contemporâneas do Direito Internacional: Jurisdição Criminal 100 Anos
Após a Conferência de Paz de Haia, de 1907. Haia,
Holanda, 30 de junho de 2007. 12. Richard N. Cooper, Is There a Need to Reform? The International
Monetary System: Forty Years After Bretton Woods (Federal Reserve Bank of
Boston, 1984), pág. 33. 13. Reimpresso no livro de Eric Frattini, The Entity: Five Centuries
of Secret Vatican Espionage (St. Martin's
Press, 2008), pág. 2. 14. Discurso do papa Pio
XII durante uma audiência com os delegados do Quarto Congresso do Movimento
Mundial para o Governo Federal Mundial, em 6 de abril de 1951. Uma cópia desse
discurso está na biblioteca do autor. Ele está reimpresso integralmente em The
Power Puzzle: A Compilation of Documents and Resources on Global Governance
(2004, pode ser obtido no site da Forcing Change, em http://www.forcingchange.org).
15. Pope John XXIII, Pacem
in Terris, parágrafos 137 ao 141. 16. Discurso do papa nas
Nações Unidas, 4 de outubro de 1965. Reimpresso integralmente em
The Power Puzzle: A Compilation of Documents and Resources on Global
Governance (http://www.forcingchange.org). 17. Discurso do papa João
Paulo II na sede da ONU, em 5 de outubro de 1995. 18. Discurso de João
Paulo II na Corte Internacional de Justiça durante o Encontro no Palácio da
Paz, Haia, 13 de maio de 1985. 19. Sollicitudo rei
socialis, parágrafo 43. 20. O papa João Paulo I
esteve no cargo por somente 33 dias antes de ser assassinado em 1978. Durante
esse período de tempo, ele fez diversos discursos, mas não encontrei nenhum que
apoie diretamente a governança global. 21. Vários livros já
foram escritos sobre o papel da Santa Sé nas negociações globais, incluindo
sistema bancário, espionagem e diplomacia internacional. Um dos livros mais
recentes sobre este assunto é The Entity: Five Centuries of Secret Vatican
Espionage, de Eric Frattini (St. Martin's Press, 2008). 22. Eric Frattini, The Entity: Five Centuries of Secret Vatican
Espionage (St. Martin's Press, 2008), pág.
1. 23. Avro Manhattan, The Vatican in World Politics (Gaer
Associates, 1949), págs. 28-29. 24. Frequently Requested Catholic Church Statistics, Center for
Applied Research in the Apostolate, Georgetown University, as estatísticas são
do ano 2009; http://cara.georgetown.edu/bulletin/index.htm. 25. Doing the Truth in Love. Uma cópia do documento, junto com os subscritores, pode
ser encontrada em http://www.cpjustice.org/doingthetruth. 26. A matança dos
ortodoxos sérvios pelos croatas foi um dos exemplos mais terríveis de genocídio
na história moderna. Tão cruéis foram os ataques que até os embrutecidos
soldados nazistas alemães registraram o horror que sentiram. Veja
John Cornwell, Hitler's Pope: The Secret History of Pius XII (Viking,
1999), pág. 248-260. Veja também Unholy Trinity: The Vatican, the Nazis, and
the Swiss Banks, de Mark Aarons and John Loftus (St. Martin's Griffin,
1998); e The Vatican's Holocaust, de Avro Manhattan (Ozark Books, 1986).
Mark Aarons and John
Loftus atestam a credibilidade de Manhattan, explicando "ele estava muito
bem informado, pois trabalhou na Inteligência britânica durante a guerra"
(Unholy Trinity, pág. 86).