sábado, 26 de janeiro de 2013

Illuminati: os soldados da Nova Ordem

The Illuminati Papers
The Illuminati Papers (Photo credit: Wikipedia)
Os iluminados de idéias radicais que se rebelaram contra a Igreja no século 18 e se misturaram à maçonaria para criar a mais poderosa organização subterrânea que já existiu

por Texto Eduardo Szklarz

No livro Anjos e Demônios, de Dan Brown, o professor Robert Langdon faz uma descoberta assustadora. Ao analisar o peito de um físico assassinado, ele vê a marca de uma antiga fraternidade secreta conhecida como Illuminati – a mais poderosa organização subterrânea que já existiu. Seus membros ressurgem das sombras para concluir a batalha contra seu pior inimigo: a Igreja Católica.

Parece mesmo livro de ficção. No entanto, muitos pesquisadores garantem que há algo de verdade nessa história.

E vão além, dizendo que os Illuminati estão por aí até hoje e pretendem acabar com as identidades nacionais, destronar os monarcas e estabelecer o que chamam de Nova Ordem Mundial – uma espécie de governo global dominado por meia dúzia de mentes brilhantes. “Graças à fuga de vários membros dos illuminati, começamos a conhecer a existência de um plano infernal que pretende submeter 99% da humanidade aos caprichos malvados de 1%”, diz o escritor e numerólogo americano Robert Goodman, que acaba de lançar na Espanha El Libro Negro de los Illuminati (“O Livro Negro dos Illuminati”, inédito no Brasil).

Os mais perfeitos

Goodman joga no time dos “teóricos da conspiração”, que vêem rastros da antiga irmandade em todo canto – dos atentados do 11 de Setembro à morte de Diana, a princesa de Gales. Outros investigadores são menos alarmistas, mas não deixam de expressar medo. “De todas as sociedades secretas que pesquisei, os Illuminati são de longe a mais vil”, diz a americana Sylvia Browne, autora de As Sociedades Secretas Mais Perversas da História (Prumo, 2008). “Embora 75% do que se diz sobre eles seja especulação, preocupo-me com os outros 25%.”

Ao longo dos séculos, o termo illuminati (“iluminados”, em latim) foi usado para denominar diversas organizações, reais e fictícias. Hoje, ele se refere principalmente aos Illuminati da Baviera, uma sociedade secreta criada na Alemanha pelo filósofo Adam Weinshaupt, no ano de 1776. Weinshaupt foi educado por padres jesuítas, mas tinha uma queda por rituais pagãos e pelo maniqueísmo – uma religião fundada pelo profeta persa Mani, no atual Irã, cujo dogma é dualístico: diz que a luz e a escuridão (Deus e o Diabo) estão em constante disputa para reclamar a alma das pessoas.

“Weinshaupt decidiu formar um corpo de conspiradores para libertar o mundo do que chamava de dominação jesuíta da Igreja em Roma, trazendo de volta a pura fé dos mártires cristãos”, diz Sylvia. “Foi assim que ele fundou a Sociedade dos Mais Perfeitos, nome que mudou para Illuminati (na sua tradução, os ‘intelectualmente inspirados’). Os 5 membros originais foram escolhidos entre os alunos da Universidade de Ingolstadt, onde ele ensinava direito canônico.”

Os pupilos tinham de jurar obediência à organização, que se dividia em 3 categorias. A mais baixa, Berçário, incluía os níveis Preparação, Noviço, Minerval e Illuminatus Menor. Depois vinha a Maçonaria, com os graus Illuminatus Major e Illuminatus Dirigens. Já a mais alta, Mistérios, englobava os graus Presbítero, Regente, Magus e Rex – o supremo.

Nas reuniões do grupo, Weinshaupt atendia pelo nome de Spartacus e transmitia aos alunos ensinamentos proibidos pelo clero. Embora alguns pesquisadores digam que ele conseguiu ingressar na maçonaria, ninguém parece ter provas de que os maçons apoiaram suas idéias radicais. Certo é que o grupo de 5 iniciados se expandiu pela Alemanha, despertou a desconfiança do governo e virou alvo de intensa repressão. Tanto que Weinshaupt precisou fugir do país em 1784. Para muitos, foi o fim dos Illuminati.

Outros acreditam que o grupo continuou a operar na clandestinidade, defendendo ideologias como o anarquismo e o comunismo. Assim, estariam por trás da Revolução Francesa, da Revolução Russa e do nascimento dos EUA.

Governo global

Segundo a turma da conspiração, a influência dos Illuminati nos EUA foi tamanha que vários de seus símbolos estão estampados na nota de US$ 1 (leia mais no quadro acima). “Eles usam sinais para transmitir informação entre si. O presidente Roosevelt, maçom de grau 33, aproveitou o desenho na nota para incluir toda essa informação como pista para novos projetos dos Illuminati”, diz Goodman. “Um deles seria a 2ª Guerra Mundial, uma espécie de ensaio geral da Nova Ordem.”

Para alguns pesquisadores, grupos herdeiros dos Illuminati hoje manejam as finanças, a imprensa e a política internacionais. Entre essas organizações estariam sociedades secretas como a “Crânio e Ossos” (Skull and Bones), uma fraternidade dos estudantes da Universidade Yale, e o clube Bilderberg, que reúne políticos, empresários, banqueiros e barões da comunicação (leia mais nas reportagens das págs. 60 e 62). “Acredita-se que eles querem um único governo global”, diz a pesquisadora espanhola Cristina Martin, autora do livro El Club Bilderberg (sem tradução para o português). “Um mundo com uma só moeda, um só exército e uma só religião.”


Os códigos da verdinha
Supostos símbolos dos Illuminati escondidos na nota de US$ 1

Especialistas dizem que os Illuminati deixaram várias pistas de sua influência sobre a sociedade americana na nota de US$ 1. No verso, há uma pirâmide cujo cume representa a elite da humanidade, esclarecida pelo “olho que tudo vê” – um símbolo emprestado de outra sociedade secreta, a maçonaria. A base da pirâmide é cega e feita de tijolos idênticos, que representam a população. A inscrição em latim Novus Ordo Seclorum (“Nova Ordem dos Séculos”) alude ao grande projeto dos Illuminati. O número 13, utilizado nos rituais do grupo, aparece em vários lugares: nas estrelas sobre a águia, nas flechas que ela segura com uma das patas, nos frutos e folhas do ramo que ela segura com a outra, nas listras verticais do escudo à frente da águia e nos 13 andares da pirâmide. “Precisamos de lupa para ver outro detalhe na frente da nota: uma minúscula coruja, símbolo da fraternidade, que aparece no canto superior direito”, diz o jornalista espanhol Santiago Camacho, autor de La Conspiracion de los Illuminati (“A Conspiração dos Illuminati”, inédito no Brasil).

Onde estão as pistas

1. Olho que tudo vê

2. Pirâmide de tijolos iguais

3. Inscrição Novus Ordo Seclorum

4. 13 estrelas

5. 13 frutos e folhas

6. 13 listras verticais

7. 13 flechas
8. Coruja


Para saber mais

• El Libro Negro de los Illuminati
Robert Goodmam, Ediciones Hermetica, 2008 (em espanhol).

Fonte: revista Superinteressante
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Irá a Alemanha “apagar” por causa das “energias renováveis”?

Morbach: experiência válida para pequenas aldeias. Mas, e as grandes cidades?
Morbach: experiência válida para pequenas aldeias. Mas, e as grandes cidades?
Na pequena e simpática cidadinha de Morbach, na região de Hunsrück, 14 turbinas eólicas, quatro mil metros quadrados de painéis solares e uma estação de biogás – tudo instalado numa antiga base militar – produz o triplo da eletricidade de que a comunidade precisa.

Morbach é apresentada como o modelo de uma Alemanha sem usinas nucleares, as quais serão desativadas na sua totalidade em alguns anos, comentou a revista “Der Spiegel”, ecoada pela agência Presseurop.

O plano de energias alternativas renováveis ajudaria a combater o “aquecimento global”, tornaria o país independente do petróleo árabe e das chantagens da Rússia, além de exorcizar os medos de acidentes nucleares.

Morbach: do pequeno sucesso local ao sucesso nacional  há muito percurso a fazer
Morbach: do pequeno sucesso local ao sucesso nacional
há muito percurso a fazer
O plano marcaria quase o fim dos combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás – usados nos últimos dois séculos.

O plano é muito atraente e “politicamente correto”.

Porém, a realidade esta chiando e o governo tampa os ouvidos.

Os custos serão formidáveis e a Alemanha pode ficar aleijada energeticamente, com sua poderosa indústria condenada a fechar ou migrar.

Apesar dos conhecimentos e tecnologia atuais, a energia solar ainda é caríssima.

Onde está o sol no outono e no inverno alemão?

Os alegres ambientalistas não pensaram nisso?

As eólicas suscitam a antipatia crescente da população porque poluem intensamente a paisagem e são muito barulhentas para os moradores locais.

Além do mais, é preciso procurar muito longe ventos com a quantidade e força necessárias para torná-las viáveis.

A necessida obriga a ir até os países nórdicos e o próprio Mar do Norte.

Eolo é um deus caprichoso que sopra quando quer, deixando por vezes em apuros os mais sisudos climatólogos.

O que fazer quando o deus dos ventos dormita?

Tudo se passa como se jamais tivesse ocorrido aos militantes do ambientalismo a existência dessa evidência primeira. Para eles, o clima funciona como o ar condicionado: basta apertar um botão. Ou dar um clique no mouse.

O plano prevê a produção e acumulação de energia extra para as horas ou épocas em que Eolo ou Hélios não trabalhem.

Prevê-se bombear grandes quantidades de água em depósitos elevados nos momentos que há excesso de energia. Quando as forças naturais decidirem parar, então se faz descer a água para por em movimento geradores hidráulicos.

Mas eis um “pequeno detalhe” assaz importante: a Alemanha não tem superfície para esses depósitos de água. Os teóricos de gabinete mostraram nem conhecer a natureza e a geografia de seu país.

Der Spiegel: "O sonho caro de energia limpa"
Der Spiegel: "O sonho caro de energia limpa"
Para que funcione o belo e imenso plano, será preciso construir auto-estradas de energia – as linhas, as estações de comutação e transformação –, que custarão entre 40 a 53 bilhões de euros apenas nos próximos dez anos. Como se a Europa não estivesse em crise!

Em consequência, os estrategistas da RWE, a maior empresa alemã de energia, prevêem que o preço da energia vai subir 400% nos próximos 25 anos.

Acresce-se que é impossível calcular os custos exatos da revolução da energia verde nos próximos 40 anos.

E os militantes verdes parecem dispostos a dificultar os trâmites de aprovação dos projetos, promover disputas judiciais e protestos públicos, além de sabotagens ilegais por parte dos mais extremistas.

Os operadores de painéis solares recebem um subsídio muito acima do preço de mercado da eletricidade.

Quer dizer, entre 60 e 80 bilhões de euros nos últimos dez anos para cobrir apenas 1,1% das necessidades de energia elétrica da Alemanha.

E isso malgrado a Alemanha dispor por si só das instalações de células fotovoltaicas com uma capacidade equivalente à de todas as demais instalações repartidas pelo mundo.

A realidade e a geografia obstaculizam o utópico sonho.

Outro problema é que sendo a Alemanha muito povoada, e seu último metro quadrado aproveitado a fundo, ela não dispõe mais dos territórios onde instalar os caríssimos e até hoje pouco produtivos painéis solares.

Também quase não lhe resta mais espaço terrestre para as turbinas produtoras de energia eólica.

Parque de energia solar em Erlasee. Mas a Alemanha não tem o sol que necessitaria
Bonito parque de energia solar em Erlasee.
Mas, a Alemanha não tem o sol que o plano exige
Só fica o alto mar, onde os ventos são mais constantes, mas onde os custos de construção são muito mais caros.

O governo estima que a expansão ao alto mar custará entre 75 e 100 bilhões de euros até 2030, e confessa que os riscos de investimento são “difíceis de calcular”.

Ou seja, serão muito maiores.

E a conta não pára de aumentar.

As auto-estradas de eletricidade para trazer a energia eólica do Mar do Norte custarão, segundo a Comissão Europeia, mais outros 500 bilhões de euros.

E será preciso investir ainda mais 50 bilhões para trazer energia solar do sul do continente.

Parque de energia eólica da Siemens no Mar do Norte.  E se o vento não soprar?
Parque de energia eólica da Siemens no Mar do Norte.
E se o vento não soprar?
Até 2050, o governo planeja um gigantesco crescimento do uso de biomassa: entre 13 a 17 vezes mais do que hoje.

Para isso, seria preciso converter muitos milhões de hectares de terra para a produção de energia.

O resultado seriam monoculturas de milho ou colza, que ameaçariam a “sustentabilidade ecológica”.

E o quebra-cabeça – ou talvez o “quebra-Alemanha” – não faz senão começar.

A indústria é a maior consumidora de energia: um quarto da eletricidade e do gás da Alemanha. A indústria pesada emprega cerca de 875 mil trabalhadores.

No horizonte das “novas energias alternativas”, o presidente do conselho de administração da BASF, Jürgen Hambrecht, teme uma “lenta desindustrialização da Alemanha”.

As empresas se deslocam para onde é mais barata a energia e menor a hostilidade ambientalista.

Leia-se: fugirão para o exterior, deixando exércitos de desempregados em território alemão.

As energias renováveis demonstraram até agora ser viáveis só em pequenas localidades.

Verdes contra energia nuclear
Verdes contra energia nuclear
Para os ambientalistas radicais, o futuro será só o de pequenos grupos vivendo apenas do que produz a terra de sua comunidade e algum artesanato de tipo mais bem hippie. E mais nada.

Ou seja, é a sentença de morte contra a indústria alemã atual.

O custo da revolução verde será astronômico e talvez incontrolável para a indústria.

O investimento indispensável pode ser muito maior do que se imagina.

Entrementes, a grande indústria é diabolizada pelo ambientalismo radical: se ela vai para a falência, que se dane!

Se isso acontecer, a Alemanha não será mais a potência que é hoje.

Diminuída, empobrecida, com grandes contingentes populacionais desempregados, desvalorizados e substituídos por islâmicos, talvez ela não seja mais reconhecível no futuro.

Uma grande nação cristã poderá se apagar assim da história, para regozijo da “religião” ambientalista anticristã. Seria um crime inaceitável.

Fonte: Verde: a cor nova do comunismo

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Operação de ciberspionagem atinge quase 40 países, inclusive Brasil

Renato Rodrigues
 
De acordo com pesquisadores, a Outubro Vermelho atua há pelo menos 5 anos, coletando dados secretos; não se sabe ainda quem está por trás.
 
Pesquisadores de segurança anunciaram nesta segunda (14) a descoberta uma rede global de ciberespionagem atuando contra centenas de organizações diplomáticas, governamentais e científicas em quase 40 países, incluindo o Brasil - onde pelos menos quatro sistemas foram infectados.


A megaoperação foi chamada de Operação Outubro Vermelho (em homenagem ao filme "Caçada ao Outubro Vermelho") pelos experts da Kaspersky Lab, responsáveis pela descoberta. Segundo a empresa, ela está em ação desde 2007. O esquema utiliza mais de 1 000 módulos distintos, customizados para alvos específicos. Esses componentes são direcionados para alvos como PCs individuais, equipamentos de rede da Cisco, smartphones e até pendrives.

De acordo com os experts, a operação também utiliza um complexo sistema de servidores de comando e controle (C&C), semelhante ao utilizado pelo malware Flame, que espionou o Irã. Os atacantes criaram mais de 60 domínios e usaram vários hosts em diferentes países, principalmente Rússia e Alemanha.

"É um exemplo incrível de uma campanha de espionagem no ar há anos", escreveu o pesquisador Kurt Baumgartner, da Kaspersky. "Nunca vimos esse nível de individualização dos ataques".
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A empresa diz que o principal objetivo da Outubro Vermelho é coletar informações secretas e geopolíticas - de empresas e governos.

Ainda não se sabe quem está por trás da operação. Embora os autores do malware sejam russos (o principal idioma nos códigos principais), muitos dos exploits foram desenvolvidos na China.


O esquema utiliza códigos que atacam falhas no Word e Excel. Os atacantes enviavam e-mails individualizados, que contaminavam o sistema silenciosamente.

Na lista dos países atingidos, a Federação Russa aparece em primeiro, seguida pelo Cazaquistão, Azerbaijão, Bélgica, Índia, Afeganistão, Armênia e Irã. Ao todo, máquinas de 39 países, Brasil incluído, foram contaminadas.

A infraestrutura de espionagem é complexa. Os servidores C&C primários enviam os dados roubados para uma segunda camada de servidores, que os mandam para uma máquina central - sobre a qual ainda não se sabe nada. Segundo a Kaspersky, a habilidade dos controladores em esconder a identidade é parecida com a dos criadores do Flame - vírus que teria sido desenvolvido nos EUA e Israel para espionar o Irã.

"A operação Outubro Vermelha está em operação há pelo menos 5 anos, sem ser detectada", escreveu Baumgartner.

Fonte:idgnow.uol.com.br
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Construindo um Futuro Comum: Torcendo a Fé, a Economia e as Finanças em uma Nova Ordem Global


Forcing Change, Edição 6, Volume 3.
Em 2007, a Forcing Change publicou um artigo intitulado "Uma Moeda Única Para um Mundo Unificado", que delineou o cenário de uma crise financeira mundial e a solução da moeda global. Anteriormente naquele ano, o artigo "Pagando Pela Governança Global: As Ideias Para a Instituição de um Imposto Mundial" delineou os esquemas propostos para a imposição de um tributo global. Isto está agora no noticiário diário.
Em 2008, a FC publicou um relatório especial sobre a criação do Banco do Sul em preparação para a integração dos países da América do Sul. Em junho de 2008, um artigo importante intitulado "O Colapso Financeiro Global: O Que Você Precisa Saber e Como se Proteger" detalhou o abalo financeiro iminente e como a situação refletia os problemas fundamentais na economia. Três meses mais tarde a crise econômica estourou seriamente e estamos lidando com os efeitos dela desde então.
Agora, em meados de 2009, a Forcing Change está publicando dois artigos interconectados que explicam quais serão os próximos lances: uma estrutura regulatória internacional que nocauteará a soberania econômica nacional, e uma diretiva espiritual/social que desafiará diretamente a cosmovisão cristã sob os auspícios da crise econômica. No fim do segundo artigo você também encontrará uma sugestão estrutural de como a nova arquitetura financeira internacional poderá ser organizada.
Em outras palavras, esta edição examinará os próximos movimentos nesta dança econômica global. Instruindo-se sobre os próximos passos que serão dados, você conseguirá compreender melhor como as cadeiras serão remanejadas no salão de baile. Esta edição contém dois relatórios vitalmente importantes sobre dois movimentos econômicos interligados. O primeiro artigo, da autora convidada Joan Veon, faz um mergulho profundo no Banco de Compensações Internacionais (BIS) e investiga a incrível tomada de poder que ocorrerá por meio do controle do BIS sobre o sistema regulatório global.
Não pense que este assunto seja árido. Controlando o sistema regulatório internacional, o BIS literalmente assumirá o comando. Os governos nacionais, os bancos centrais, as Comissões de Valores Mobiliários, e até as seguradoras terão de aderir às determinações desse autoindicado mandachuva do setor bancário. Os efeitos não serão observáveis imediatamente, mas sentiremos as repercussões de forma gradual, à medida que nossos governos nacionais buscarem a aprovação do BIS antes de buscarem a aprovação do eleitorado.
O segundo artigo, intitulado "Construindo um Futuro Comum", analisa uma recente conferência da ONU sobre a crise econômica mundial. O que deixará você chocado não é a discussão sobre as medidas financeiras internacionais, mas a gigantesca mudança social e de comportamento que está sendo prevista — sistematicamente forçando-o a deixar de ser uma pessoa independente e com lealdades ao seu país para se tornar um cidadão global com novas obrigações internacionais.
No fim do artigo você encontrará uma lista das mudanças sociais e econômicas esperadas como resultados da crise global. Vale a pena ler e reler essa seção e refletir sobre ela à medida que a crise continuar. Fazendo isto, você terá uma melhor compreensão dos desafios de cosmovisão que confrontarão você, sua igreja e sua comunidade.
A leitura desta edição poderá ser considerada pesada para alguns. Entretanto, este é o custo mental e emocional de tentar compreender as forças que estão mudando nossa cultura. O custo de não tentar compreender é muito maior: confusão, dúvida, conflitos de cosmovisão internos e externos e o potencial de ser atropelado por este trem veloz chamado "globalização".
Nota do Editor: A Forcing Change gostaria de dar as boas-vindas a Joan Veon, e agradecer a ela por permitir a publicação deste seu importante artigo.
Joan Veon é uma mulher de negócios e uma repórter internacional. Desde 1994, ela já cobriu mais de 100 encontros globais em todo o mundo e constantemente monitora e analisa os muitos movimentos e agendas que dirigem a comunidade internacional. Ela publica um boletim financeiro baseado em suas pesquisas e é autora de The United Nations Global Straightjacket (A Camisa de Força Global das Nações Unidas) e Prince Charles: The Sustainable Prince (Príncipe Charles: O Príncipe Sustentável). Ela também já lançou diversos vídeos e relatórios especializados sobre assuntos internacionais, sobre o sistema financeiro internacional, os movimentos cambiais e outros aspectos da globalização. O endereço do site dela é http://www.womensgroup.org.
Nota adicional: Este artigo é especialmente importante, pois detalha as ações significativas que estão sendo tomadas pelo Banco de Compensações Internacionais em sua busca para se tornar o regulador bancário global — aquele que dá as cartas nas questões bancárias. Pedimos que você separe um tempo para ler e contemplar a mensagem; sugerimos que mantenha este conhecimento por perto à medida que a crise econômica continuar a se desdobrar. Se você separar um tempo para considerar seriamente o que Joan Veon reporta aqui, estará quilômetros à frente em termos de conhecimento e compreensão.
Após ler os dois artigos nesta edição da FC, recomendamos que você também leia o relatório "O Sistema Financeiro Internacional — Parte 3: O Banco de Compensações Internacionais", escrito por Patrick Wood, da August Review. Esse relatório apresenta uma excelente visão geral sobre o sistema do BIS e é um complemento perfeito para o artigo de Joan Veon.


Parte 1

A Globalização da Estrutura Regulatória e Bancária Mundial

Autora: Joan Veon
Basileia, Suíça — A base de poder do mundo mudou... ela não está mais em Londres, Nova York, Washington ou Tóquio. Também não está em Pequim ou em Moscou. Está em Basileia, na Suíça. Em 1930, o Banco de Compensações Internacionais (BIS, de Bank for International Settlements) foi fundado como resultado do Plano Young, assim nomeado em homenagem ao homem que presidia o Comitê de Reparação dos Aliados, Owen D. Young.
Basileia foi escolhida como local porque todos poderiam chegar ali de trem a partir de qualquer parte da Europa para participar dos encontros. Quando você sai da estação de trem principal, o BIS está a uma distância de apenas um quarteirão. O moderno edifício de 18 andares esconde o poder que se estende globalmente. Não há nada no edifício que chame a atenção, exceto uma placa perto das portas frontais de vidro que basicamente diz que aquela é uma propriedade privada. Pessoas poderosas e influentes de todo o mundo entram no edifício do BIS discretamente e são distinguidas dos cidadãos comuns por seus ternos sociais e crachás de identificação.

Todavia, dentro daquele edifício, o sistema monetário mundial está sendo desenhado e dirigido por muitas pessoas iluminadas e brilhantes. Aqueles que visitam regularmente vêm de todas as partes do mundo e incluem: Ministros de Estado, presidentes de bancos centrais, Secretários do Tesouro, membros de agências reguladoras, superintendentes de seguros, garantidores de depósitos e contadores. Verdadeiramente, o BIS é muito poderoso. O Dr. Carroll Quigley, em seu livro Tragedy and Hope, escreveu:
"Os poderes do capitalismo financeiro tinham outro objetivo de longo alcance, nada menos que criar um sistema mundial de controle financeiro em mãos privadas capaz de dominar o sistema político de cada país e a economia do mundo como um todo. Esse sistema seria controlado de forma feudal pelos bancos centrais do mundo agindo em concerto, por acordos secretos, realizados nos encontros e conferências frequentes. O ápice seria o Banco de Compensações Internacionais, sediado em Basileia, na Suíça. (pág. 324-25).
Se esse poder não era evidente antes, ele está no processo de se tornar maior e mais imenso. Embora o BIS sempre tenha sido o ponto focal da atividade dos bancos centrais globalmente, ele agora está finalizando a estrutura sobre a qual o professor Quigley escreveu.
A cada dois meses, o Grupo dos Dez presidentes de bancos centrais, junto com os presidentes dos bancos centrais das principais nações em desenvolvimento, se reúnem para discutir a política monetária global, entre outras coisas. Ao longo dos anos, a discussão se expandiu até o ponto em que todos os aspectos dos bancos, finanças, seguradoras, seguros de depósitos e regulamentações agora constituem os trabalhos principais.
Em meados dos anos 1990s, a palavra "globalização" entrou em nosso vocabulário quando foi necessário nomear o processo por meio do qual as barreiras entre os países do mundo começavam a cair. Iniciando com a formação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em 1944, as barreiras financeiras entre os países caíram; com a criação das Nações Unidas em 1945, as barreiras políticas caíram; com o estabelecimento da Organização Mundial do Comércio em 1994, as barreiras comerciais caíram; com o estabelecimento da Corte Internacional de Justiça em 1998, as barreiras jurídicas caíram; e com os ataques de 11 de setembro de 2001 contra o World Trade Center, as barreiras militares e de inteligência caíram.
Similarmente, durante os anos 1990s, o Banco de Compensações Internacionais começou a definir seu próprio nível de globalização. Considere as seguintes agências criadas e administradas pelo BIS:
  • Em 1998, a Associação Internacional das Superintendências de Seguros foi formada e é constituída por superintendências de todo o mundo.
  • Em 1999, o Fórum de Estabilidade Financeira foi criado, constituído pelos secretários de Tesouro, banqueiros centrais e presidentes de agências reguladoras dos países do G-7. Recentemente, essa organização foi expandida para incluir também os países do G-20.
  • Em seguida, em 2002, a Associação Internacional das Seguradoras de Depósito foi formada. Essa organização é constituída por empresas seguradoras que garantem os depósitos nas contas correntes.
  • Outra organização que foi formada em 1973 e depois reconfigurada em 1984 é a Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO, de International Organization of Security Commissions), que é basicamente uma Comissão de Valores Mobiliários global que facilita uma Bolsa de Valores global.
O que a Crise de Crédito de 2008 forneceu é uma oportunidade para a maior expansão e fortalecimento dessas organizações que irão e estão no processo de transferir as respectivas responsabilidades do nível nacional para o nível global, assim completando o processo da globalização bancária, das seguradoras, da auditoria, a contábil e a regulatória. Deve ser mencionado que para os Estados Unidos exercerem seu papel nesse processo, o governo Obama terá de criar uma única agência reguladora nacional sobre os sete diferentes reguladores diferentes que hoje trabalham de forma independente. Este passo é tão importante que o jornal Financial Times publicou um editorial, em 20 de junho, que advertiu os EUA:
"A necessidade de uma completa reforma regulatória ainda é urgente. Uma preocupação se destaca: o risco de todo o sistema financeiro quebrar, como ocorreu no outono passado. Aqueles que querem dar aos bancos centrais o poder e responsabilidade de monitorar os riscos sistêmicos estão certos. Eles incluem o Tesouro dos EUA, cujas propostas nesta semana procuram transformar a Reserva Federal em um super-regulador sistêmico. Essas propostas estão sendo contestadas. Elas não deveriam ser; as alternativas são piores. As reformas para colocar rédeas e controlar o risco sistêmico não devem se tornar reféns da política. Elas precisam ser implementadas antes que a memória do outono passado caia no esquecimento."
Vamos examinar o que o primeiro parágrafo do 79º Relatório Anual do Banco de Compensações Internacionais diz com relação à crise do crédito:
"Como isto pôde acontecer? Ninguém imaginava que o sistema financeiro pudesse entrar em colapso. Salvaguardas suficientes tinham sido implementadas. Havia uma rede de segurança: bancos centrais que emprestariam quando necessário, seguro para os depositantes e proteções para os investidores, o que liberava os indivíduos das preocupações com a segurança das suas riquezas; reguladores e superintendentes atentos às instituições individuais para evitar que os gerentes e proprietários incorressem em riscos altos demais. Desde agosto de 2007, o sistema financeiro experimentou uma sequência de falhas críticas."
Embora forneça sua avaliação sobre o que aconteceu de errado, o relatório resume o problema e a solução da seguinte forma:
"Em resumo, os reguladores financeiros, as autoridades fiscais e os banqueiros centrais enfrentam enormes riscos. Construir um sistema financeiro perfeito e protegido contra falhas — um sistema capaz de manter seu estado normal de operações no caso de uma falha — é impossível. No caminho estão a inovação e os limites da compreensão humana, especialmente com relação à complexidade do mundo financeiro descentralizado. Não temos escolha, senão aceitar o desafio de primeiro reparar e depois reformar o sistema financeiro internacional."
As recomendações deles incluem os comitês normativos do BIS (o Comitê da Basileia Sobre Supervisão Bancária, o Fórum de Governança dos Bancos Centrais, o Comitê Sobre Sistemas de Pagamento e de Compensações, e o Comitê dos Mercados) e a Junta de Estabilidade Financeira. Para nossos propósitos, discutiremos o poder recém-centralizado da Junta de Estabilidade Financeira.
Primeiro, deve ser observado que com esse tipo de falha econômica e monetária total, o sistema inteiro deveria ser descartado e talvez devêssemos voltar a ser Estados-nações individuais. Mas, para seus propósitos, eles estão expandindo e fortalecendo outro nível de controle que moverá os ativos de todo o mundo para dentro do domínio deles. Sem guerra física, sem armas, sem tiros — guerra financeira eletrônica.
A Junta de Estabilidade Financeira era originalmente o Fórum de Estabilidade Financeira. Quando ele foi criado em 1999, entrevistei seu secretário-geral, Svein Andersen, que me disse que não havia garantia que o fórum seria capaz de proteger o sistema global de problemas. Entretanto, acreditava-se que se você colocasse juntos os presidentes de bancos centrais, os Secretários do Tesouro e os presidentes das agências reguladoras dos países do G-7, isso forneceria uma estrutura para proteger o sistema financeiro global.
Obviamente, eles fracassaram em sua missão. A alternativa, em vez de dar fim ao Fórum de Estabilidade Financeira, foi expandi-lo e fortalecê-lo. Quando perguntei a Mario Draghi, o presidente da Junta de Estabilidade Financeira, sobre o papel e participação dos banqueiros internacionais, como Sir Evelyn de Rothschild, ele me respondeu:
"Estamos em contato com várias associações de banqueiros e associações do mercado — bancos, fundos de Hedge, fóruns de títulos e muitos outros organismos. Vemos o que eles fazem e então tomamos uma decisão. Assim, é um contexto interessante, mas no fim, no nosso fórum temos os reguladores — reguladores bancários, reguladores do mercados, ministros das finanças, organizações e instituições internacionais normatizadoras. Portanto, no fim, é para nossa própria cabeça que temos de olhar."
É importante observar que a internacionalização ou globalização do sistema financeiro está aqui. Ela representa a derrubada da barreira final entre os países do mundo. Ela já está quase totalmente operacional há pelo menos dez anos. Neste ponto do jogo, a integração entre algumas das organizações internacionais está aparente.

A necessidade de coordenar a contabilidade internacional por meio da Junta Internacional de Normas Contábeis com a correspondente americana, a Financial Accounting Standards Board (FASB) com a Junta de Estabilidade Financeira e o G-20 — já está acontecendo. A Associação Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO) está trabalhando com o Fórum Conjunto e a Junta de Estabilidade Financeira do BIS.
De modo a desenvolver normas internacionais de alta qualidade para auditoria, seguros, ética e educação para os contadores profissionais, o Grupo de Monitoração foi formado e uma Carta de Constituição foi adotada em 2008 pelo Memorando de Entendimento. Entre os participantes estão: a IOSCO, o Comitê da Basileia Sobre Supervisão Bancária, a Comissão Europeia, a Associação Internacional das Superintendências de Seguros, o Banco Mundial, a Junta de Estabilidade Financeira e o Foro Internacional dos Reguladores de Auditoria Independente.
Existem tantos grupos de trabalho que agora formam um novo nível de supervisão regulatória operando internacionalmente que é quase impossível voltar atrás e recuperar o poder dos Estados-nações individuais. A quantidade e a supervisão exercida por esses grupos fariam sua cabeça girar.
Podemos voltar atrás? Qualquer país que se atrever a dizer não a eles será completamente destruído — apenas observe o que aconteceu com os cinco países asiáticos que decidiram dizer não ao Acordo Sobre Serviços Financeiros, da Organização Mundial do Comércio, em meados dos anos 1990s. A Junta de Estabilidade Financeira é que está agora sendo fortalecida para se tornar as "Nações Unidas do Controle Financeiro e Regulatório" sobre os países.




Parte 2

Construindo um Futuro Comum: Torcendo a Fé, a Economia e as Finanças em uma Nova Ordem Global

Autor: Carl Teichrib
"... nenhuma crise, especialmente uma desta magnitude, desaparece sem deixar um legado. Entre os legados da crise atual veremos uma batalha mundial por ideias..." – Joseph E. Stiglitz [1].
Ai, que sono!
As conferências financeiras, como os documentos bancários, deveriam ser considerados a cura para a insônia.
Não acredita? Bem, se você nunca teve a oportunidade de participar de uma conferência em que a macroeconomia era discutida (já estive em algumas, ao participar de fóruns sobre os assuntos globais) — onde você pode ouvir palestras estimulantes sobre mecanismos de classificação de crédito, Direitos Especiais de Saque, politica tributária, tarifas, regimes cambiais — a próxima coisa boa é ler os relatórios desses eventos. Experimente e você verá o que quero dizer.
Apenas considere os títulos dos seguintes documentos bem-conhecidos do Banco de Compensações Internacionais:
  • Curvas de Juros de Cupom Zero: Documentos Técnicos.
  • Comparação de Dados de Credores e Devedores na Dívida Externa de Curto Prazo.
  • Mecanismos de Transmissão para Política Monetária nas Economias dos Mercados Emergentes.
Interessantes, não?
Nunca participei dos encontros que produziram esses títulos revigorantes. Nem poderia — não sou funcionário de alto escalão de algum banco central. Entretanto, só de olhar para os títulos, sem precisar se aprofundar no conteúdo, já faz a pessoa querer encontrar um travesseiro.
Isto me faz lembrar de um voo de longa duração atravessando o Canadá anos atrás. Como material de leitura, levei comigo um relatório técnico do BIS sobre moedas regionais, uma revista sobre motocicletas e um livro de histórias do Velho Oeste, de Louis L'Amour. Após trinta minutos de leitura do documento do BIS, destacando algumas seções com um marcador amarelo e colocando estrelas e pontos de exclamação em diferentes partes, senti desesperadamente a necessidade de fazer uma pausa mental. Peguei então a revista sobre motocicletas. Dez minutos depois, conclui a leitura de uma matéria fantástica sobre uma aventura em algum lugar onde eu gostaria de estar. De volta ao documento do BIS. Meia hora mais tarde, eu já não conseguia mais me concentrar. Olá L'Amour.
Quando o avião se aproximou de seu destino, a senhora que estava ao meu lado fez um comentário sobre a "diversidade" de meus interesses de leitura. Parecia estranho para ela que eu investigasse um relatório obviamente técnico e depois o substituísse por algo tão elementar como uma revista sobre motocicletas, ou um livro de bangue-bangue. (Ei, sou um motociclista e as histórias de L'Amour são ótimas!) Assim, deixei que ela desse uma olhada no relatório do BIS. Após menos tempo que levou para você ler este parágrafo, ela o entregou de volta para mim dizendo: "— Realmente, é uma leitura difícil."
Tudo isto é para enfatizar um ponto: as conferências econômicas estão principalmente preocupadas com as difíceis questões econômicas, incluindo a governança das economias. Os relatórios e as transcrições dessas conferências lidam com tópicos igualmente difíceis. Isto é de se esperar e, a não ser que você tenha uma compreensão da linguagem técnica (o economês) e dos vários acrônimos usados, ficará perdido no meio de uma miríade de termos e conceitos. Isto ainda acontece comigo.
Todavia, o que você não esperaria ler em uma transcrição econômica é uma discussão a respeito da evolução cósmica, ou sobre a veneração à Mãe Terra. Entretanto, isto era exatamente o que havia nas transcrições dos discursos da Conferência das Nações Unidas Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial, realizada de 24-26 de junho de 2009 (com uma extensão feita no dia 30) na sede a ONU, em Nova York.
Durante os últimos meses, a Organização das Nações Unidas esteve se preparando para este evento, que ocorreu logo após outros fóruns internacionais, como o encontro dos chefes de Estado do G-20, realizado em Londres, e a reunião conjunta do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial no fim de abril, que tratou extensivamente da crise financeira global. Portanto, a ONU também fez o chamado para os líderes de reunirem sob sua bandeira. Afinal, a sede da ONU é considerada o lugar de reunião mais importante do mundo. Ali então se reuniram primeiros-ministros, representantes dos chefes de Estado e delegados do nível ministerial de todo o mundo.

Definindo o Palco

Todos os eventos internacionais têm um discurso de abertura para definir o tom. Foi aqui que esta conferência da ONU seguiu um caminho diferente do esperado. Em vez de uma análise dos desafios econômicos que estavam diante do mercado internacional, a sessão de abertura seguiu um caminho muito estranho.
Miguel d'Escoto Brockmann, o presidente da 63ª Assembléia-Geral da ONU, foi o indivíduo responsável por organizar a Conferência Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial. Ele também abriu e fechou o evento, e foi o presidente residente dessa conferência específica — trabalhando para guiar o fórum até uma agenda determinada.
Assim, qual era a agenda de Brockmann? Um movimento rumo a "um novo paradigma da coexistência social".
Mas, o que isto significa?
Brockmann esperava que os delegados enfocassem um "novo paradigma" — uma visão diferente para o mundo. Lembre-se, esta era uma conferência internacional sobre a crise econômica e financeira. Considere atentamente as seguintes seleções do discurso inaugural do Sr. Brockmann:

1. Construindo a Arca de Noé: Solidariedade Global.

"... precisamos todos juntar nossos esforços para evitar a crise global... Os desafios das várias crises estão todos interconectados e nos obrigam, como representantes dos povos da Terra, a declarar nossa responsabilidade uns pelos outros, e que juntos, com grande esperança, busquemos soluções inclusivas. Que lugar melhor do que esta Assembleia-Geral das Nações Unidas para fazer isto..."
"Não é humano nem responsável construir uma Arca de Noé somente para salvar o sistema econômico existente, deixando a vasta maioria da humanidade abandonada ao seu destino e sofrendo os efeitos negativos de um sistema imposto por uma minoria irresponsável, porém poderosa. Precisamos tomar decisões que afetem a nós todos coletivamente na maior extensão possível, incluindo a ampla comunidade da vida e nosso lar comum, a Mãe Terra." [2].
Nota: Esta afirmação demonstra o ímpeto para a solidariedade global — uma incumbência social/ética para trabalhar como um povo unificado em uma tentativa de salvar o mundo. Brockmann vê as Nações Unidas como o veículo principal para a salvação, uma Arca de Noé política.
"O egotismo e a ganância não podem ser corrigidos. Eles precisam ser substituídos pela solidariedade, que obviamente implica mudança radical... criar algo que caminhe em direção a um novo paradigma de coexistência social." [3].
Nota: "Ganância" é vista como capitalismo. Continue a leitura para ter uma explicação mais profunda desse vínculo.

2. Ética Globalizada: Uma Visão Centrada na Terra

"Agora é hora de criar uma política e uma ética globalizadas com base nas muitas experiências e tradições culturais dos nossos povos."
"... Em outras palavras, uma diferente visão do mundo também cria uma ética diferente, um novo modo para nós nos relacionarmos."
Nota: Assim, de onde emerge a visão ética do Sr. Brockmann? Ele torna claro que é da Carta da Terra [4] — um documento "do Direito Flexível" (NT: Expressão usada no âmbito do Direito Internacional Público que designa o texto internacional que é desprovido de caráter jurídico) que busca mudar o comportamento e as crenças da humanidade em direção a uma visão evolucionária, misticamente orientada e centrada na Terra.
"O ponto de vista que vem até nós das assim chamadas ciências da Terra, que a Terra está inserida dentro de um vasto e complexo cosmos, que está em evolução, precisa ser incorporada. Esta Mãe Terra, o termo aprovado pela Assembleia-Geral no último dia 22 de abril, está viva. A Mãe Terra regula a si mesma, mantendo o sutil equilíbrio entre o físico, o químico e o biológico de tal modo que a vida é sempre favorecida. Ela produz uma comunidade singular da vida a partir de onde a comunidade da vida humana — a humanidade — emergiu, como a parte consciente e inteligente da própria Terra."
"... estamos tão unidos com a Terra que nós mesmos somos a Terra: a Terra que sente, pensa, ama e adora."
"... Devido ao fato que ela (a Mãe Terra) está viva e gerou todos os seres vivos, ela tem dignidade. Essa dignidade exige respeito e veneração e a investe com direitos..." [5].
O presidente da conferência apresentou então cinco estratégias e cinco mais "princípios éticos" para guiar a humanidade durante a crise econômica global. Aqui estão as cinco estratégias:
1. Uso sustentável dos recursos naturais: Isto não é sobre a pesca excessiva, ou o uso excessivo de algum recurso natural, mas alterar o modo como operamos sob uma ética da Terra; "fortalecer um relacionamento de respeito e sinergia com a natureza." [6].
2. Fazer da economia um instrumento da transformação: "… a economia deve ser vista como a atividade que lança os fundamentos para a vida física, cultural e espiritual de todos os seres humanos no planeta, ao mesmo tempo que respeita as normas sociais e do meio ambiente."
Uma "economia" é simplesmente o agregado da interação da sociedade no que se refere à troca de bens e serviços. O que o Sr. Brockmann imagina vai muito além do intercâmbio financeiro.
3. Democracia Planetária: "Espalhar a democracia para todas as relações e instituições sociais. Ela não deve apenas ser aplicada e fortalecida na arena política, com uma nova definição do Estado e das organizações internacionais, mas também estendida para as esferas da economia, da cultura e do relacionamento entre homens e mulheres..."
Isto representa uma transição da soberania nacional para a governança planetária e a socialização das culturas como um todo — é um sonho utópico de socialismo internacional.
4. Pluralismo Religioso: Brockmann afirma que a nova ética precisa estar baseada no "intercâmbio multicultural e nas tradições filosóficas e religiosas dos povos..."
Esta recomendação requer que os conceitos de pluralismo espiritual e interfé ocupem o centro do cenário. As afirmações de verdade do judaísmo e do cristianismo não podem ser toleradas nesse novo paradigma social de pluralismo global.
5. Alcance Místico: "Fortalecer uma visão espiritual do mundo que faça justiça à busca do homem por um significado transcendental da vida..."
A visão espiritual do Sr. Brockmann é expressa em visões de Nova Era de consciência cósmica e uma "Terra viva" (veja os excertos do seu discurso de encerramento posteriormente neste artigo). Para que a ONU cumpra sua incumbência — e lembre-se que a ONU é considerada um tipo de Arca de Noé — essa visão terá de ser espiritualmente inclusiva e propagada por meio dos programas educacionais. As cosmovisões contrárias que desafiem a nova visão espiritual terão de sucumbir diante da crença planetária aceita, ou serão vistas como subversivas.
Não há realmente muita "justiça" em uma sociedade global que impõe a tolerância, independente se ela está expressa na "busca por significado transcendente...". Quando analisamos as declarações e documentos da comunidade interfé/internacional e as declarações do próprio Sr. Brockmann, torna-se cada vez mais evidente que a antigas cosmovisões não são mais toleráveis. O pluralismo precisa ser instalado; a tolerância terá de ser aceita. Os modos antigos não são mais viáveis.
Como o Sr. Brockmann indicou em seu discurso de encerramento, "Os antigos deuses estão morrendo e novos estão emergindo..."
Estes cinco pontos principais são reforçados por cinco "princípios éticos". Embora essas diretivas éticas pareçam boas à primeira vista, as filosofias sobre as quais elas estão construídas não solucionarão os problemas econômicos mundiais. Entretanto, elas ajudam a colocar uma cosmovisão socialista e radical na corrente dominante.
A. Respeito: "Todo ser tem valor intrínseco e pode servir para o bem da humanidade se guiado não por uma ética puramente utilitária, como aquelas que predominam no atual sistema socioeconômico, mas, ao contrário, por um sentimento mútuo de pertencer, de responsabilidade e conservação da existência."
Você vê o jogo da culpa filosófica? Parece que a visão ocidental da vida não-humana — aquilo que é utilitário, como agricultura e pecuária, pesca ou exploração das florestas — é problemática. Em vez disso, você deve considerar que todas as criaturas têm valor mútuo. Esta é uma posição ridícula que emana da ecologia profunda: os seres humanos, as árvores, as trutas e até os vírus têm igual valor.
B. Cuidado: Segundo Brockmann, "Cuidado implica em uma atitude não agressiva para a realidade, uma atitude amorosa que corrige os danos passados e evita danos futuros e, ao mesmo tempo, se estende por todas as áreas da atividade humana individual e social. Se tivesse havido cuidado suficiente, a atual crise financeira e econômica não teria ocorrido... Em uma sociedade de mercado que é dirigida mais pela concorrência do que pela cooperação, há uma cruel falta de compaixão em relação a todos os seres que sofrem na sociedade e na natureza."
Essa definição erra o alvo. Embora a compaixão esteja frequentemente ausente na sociedade atual, a definição de Brockmann é mais sobre pacifismo e socialismo culturais do que sobre os indivíduos estenderem empatia para os outros — de algum modo "cuidado" deve se manifestar em todas as atividades humanas. Entretanto, reforçando a perspectiva de Brockmann, está o espantalho do insensível capitalismo, que está escondido logo abaixo do pretexto de "cuidado". Na cosmovisão socialista, o capitalismo é a distribuição desigual da riqueza motivada pela ganância e pela indiferença: é uma forma de roubo em que um ganha e outro perde. O socialismo, de acordo com tipos como Brockmann, é onde todos se cuidam e capacitam uns aos outros.
Isto é muito enganoso. O capitalismo não é um sistema cruel em que uma pessoa faz "tudo o que for necessário" para chegar na frente. Em vez disso, é a permuta mútua de bens, serviços, trabalho e/ou dinheiro de alguém que quer com alguém que tem e está disposto a trocar. O capitalismo é um conceito de livre empresa que não funciona adequadamente em uma sociedade muito regulada ou intimidada; ele requer liberdade para poder funcionar bem.
A presente crise econômica não é um problema da livre iniciativa no sentido tradicional. Agora, o fato que a livre iniciativa esteja em grande parte ausente da nossa cultura econômica pode ter um papel especial na crise, mas o capitalismo operacional não causou o atual problema financeiro. Na verdade, praticamente não temos mais o verdadeiro livre mercado e uma cultura capitalista; há várias décadas que deixamos de viver em um país capitalista. Embora existam elementos de livre iniciativa e de capitalismo no mundo ocidental, há muito tempo que estamos vivendo em uma economia mista: uma mistura conflituosa de capitalismo com socialismo. [Veja o artigo "Free Enterprise Did Not Cause the Market Meltdown" no Volume 2, Edição 11 da Forcing Change].
Por outro lado, o socialismo é um sistema em que "todos pagam" e uma burocracia está encarregada de gerenciar o "caldeirão" comum. Após a burocracia comer tudo o que quiser, os restos são então distribuídos e, talvez, alguns restos adicionais sejam reservados para os grupos de interesses especiais que apoiaram os líderes políticos do socialismo.
O socialismo tem sido corretamente descrito como "o roubo de todos para a miséria de todos". As Nações Unidas chamam o socialismo de "solidariedade econômica" e "cuidado" social. Brockmann­ é rápido em apontar o dedo para a "sociedade de mercado", porém deixa de observar que as civilizações construídas com base nos ideais do mercado são aquelas que mais se entregam ao trabalho assistencial, que mais fazem doações filantrópicas e que mais propiciam oportunidades educacionais diversas. Agora, tente encontrar essas qualidades naquela que era a economia socialista máxima, a União Soviética.
C. Responsabilidade Coletiva: Brockmann vê mais do apenas "cuidar" por meio do socialismo como uma solução. Serviço também é requerido.
"Somos todos dependentes do meio ambiente e interdependentes. Nossas ações podem ser benéficas ou prejudiciais para a vida e para o bem comum da Terra e da humanidade. As muitas crises que agora estão ocorrendo são em grande parte o resultado de uma falta de responsabilidade em nossos projetos e práticas coletivos..."
Em outras palavras, você precisa ser um bom cidadão global, e um cidadão global responsável serve ativamente, fazendo e promovendo aquilo que é bom para a Terra e para a comunidade planetária.
D. Cooperação: "A não ser que todos cooperem, não iremos emergir mais fortes da crise atual. A cooperação é tão essencial que no passado ela permitiu que nossos antepassados antropóides fizessem o salto da animalidade para a humanidade. Quando eles tinham alimento, não comiam individualmente, mas traziam tudo para compartilhar com todos no grupo, em cooperação e solidariedade. Aquilo que era essencial no passado ainda é essencial no presente."
Este é um conto da carochinha, na melhor das hipóteses; é uma tentativa de criar uma base pseudocientífica para o socialismo.
E. Misticismo Universal: "... por trás de todo o universo, todo ser, toda pessoa, todo evento e até nossa crise atual, há uma energia fundamental em operação, misteriosa e inefável, que também é conhecida como a fonte que nutre todo ser. Estamos certos que essa energia sem nome também atuará neste tempo de caos para nos ajudar e nos capacitar para superarmos o egoísmo e tomarmos as ações necessárias para que não haja uma catástrofe, mas uma oportunidade para criar e gerar novas formas de coexistência..."
Aqui está o pilar final da nova ética planetária de Brockmann, uma ética que nos guiará para sairmos da crise financeira internacional: é a aceitação de uma espiritualidade de base mística onde a humanidade é movida por alguma força cósmica benigna e incognoscível. Essa força fará a mente do homem aceitar novas formas de vida.
O presidente da Assembléia-Geral desenvolve um pouco mais:
"A crise nos purifica e nos força a crescer e encontrar modos de sobreviver que são aceitáveis para toda a comunidade da vida, seres humanos e a Terra. A dor que sentimos agora não é o último suspiro de um homem moribundo, mas a dor de um novo nascimento. Até aqui exploramos plenamente o capital material, que é finito; agora temos de trabalhar com o capital espiritual, que é infinito...
"Como todos temos origem no coração das grandes estrelas vermelhas onde os elementos que nos formam foram criados, é claro que nascemos para fazer nossa luz brilhar, e não para sofrer. E faremos nossa luz brilhar novamente — esta é minha forte expectativa — em uma civilização planetária que respeite mais a Mãe Terra."
Foi assim que presidente da Assembleia-Geral da ONU abriu uma conferência internacional sobre economia! Duas perguntas precisam ser feitas: quem é Miguel d'Escoto Brockmann e como os delegados responderam?

Lenin Encontra a Igreja — Vamos Todos Dar as Mãos

Miguel d’Escoto Brockmann nasceu em Los Angeles, na Califórnia. Ele era filho de um diplomata nicaraguense e se tornou um padre católico por meio da Sociedade Maryknoll; mais tarde, ele fundou a Orbis Books – o braço editorial dos Padres e Irmãos Maryknoll.
A partir do início dos anos 1960, Brockmann se tornou influente na cena sociopolítica da América Latina. Em 1963, ele fundou o Instituto Nacional de Pesquisa e Ação Popular, no Chile e, mais tarde, aderiu à Revolução Sandinista (de orientação esquerdista) da Nicarágua — que foi militarmente enfrentada pelos Contras, apoiados pelos EUA. De 1979 a 1990, ele serviu ao governo revolucionário como ministro das Relações Exteriores. Foi durante esse tempo que ele recebeu o Prêmio Lenin Internacional da Paz. É isto mesmo, Brockmann recebeu um reconhecimento especial da União Soviética.
Como um padre católico de inclinações esquerdistas na América Latina, não é surpresa saber que Brockmann defendeu ferrenhamente a Teologia da Libertação. Algumas vezes descrita como "Socialismo Cristão", a Teologia da Libertação mistura a ajuda aos pobres com o engajamento político. Basicamente uma construção católica romana, a Teologia da Libertação procura capacitar os povos oprimidos em sua contínua "luta de classe", armando-os por meio do ativismo social radical; é uma clara mistura de filosofia marxista com o serviço e trabalho católicos.
Brockmann também é internacionalmente conhecido por suas posições anticapitalistas e antiamericanas. Ele é, no sentido perfeito da frase, um socialista internacional. [7].
Como então os delegados presentes nessa conferência da ONU responderam à abertura não-ortodoxa de Brockmann? Os diplomatas americanos ou britânicos desafiaram a cosmovisão dele?
De modo nenhum.
A delegada norte-americana, a embaixadora Susan Rice, afirmou o compromisso dos EUA com a solidariedade global:
"O presidente Obama compreende que nossa resposta coletiva à crise constituirá um momento importante na história mundial. Algumas semanas atrás, no Cairo, ele observou que 'temos uma responsabilidade em nos unir em nome do mundo que procuramos'. Este é nosso objetivo aqui hoje — nos unir e continuar o importante trabalho de criar esse mundo..."
"... Os Estados Unidos estão aqui para participar nesta importante conversa, para ouvir, para trocar opiniões, para trabalhar com vocês em um espírito de cooperação." [8].
O delegado britânico, Lord Mark Malloch Brown, pediu o fortalecimento do sistema das Nações Unidas. [9]. A China também, pediu a expansão da ONU — para que ela possa "exercer um papel maior ao tratar a crise financeira internacional" e "enviar um forte sinal que a comunidade internacional está unida como uma só". [10].
A representante da União Europeia disse que gostaria de ver as Nações Unidas ajudarem "os países em desenvolvimento a enfrentarem uma variedade de desafios sociais, econômicos, financeiros e do meio ambiente..." [11].
Alexey Kudrin, Ministro das Finanças da Federação Russa e representando o primeiro-ministro, disse que era hora de rejeitar "as abordagens padronizadas". O que era necessário, ele explicou, era "uma nova arquitetura financeira global" que sacramentasse regras "obrigatórias" para todos os países. Sua recomendação foi "um novo modelo de regulamentação supranacional..." [12].
O representante do Banco Mundial reiterou o conceito de "responsabilidade global":
"Neste mundo globalizado, somos todos vizinhos, e estamos todos conectados. O que acontece em uma parte do mundo é sentida em muitas outras partes. Não é mais viável se ocultar atrás de muros artificiais e fingir que podemos sobreviver por nossa própria conta — estamos ligados juntos e precisamos atuar juntos."
"... precisamos ter uma resposta global e inclusiva para a crise econômica. A resposta precisa ser global, prestando atenção às especificidades locais." [13].
Outros líderes mundiais fizeram declarações similares. Considere as palavras dos participantes desta conferência e pergunte a si mesmo: de quem são as regras econômicas, sociais e ecológicas que vamos seguir?
"Precisamos moldar uma economia global que sirva às pessoas e aos povos — com regras sociais e ecológicas obedecidas por todos..."
"Com esta conferência e seu documento resultante fortalecemos o papel da ONU na governança econômica global! Este é um sucesso admirável!"
"Vamos aproveitar esta oportunidade e adaptar a Governança Global às realidades do século 21." – Heidemaire Wieczorek-Zeul, Ministro Federal Alemão para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
"... precisamos trabalhar juntos para fortalecer e reposicionar o sistema das Nações Unidas no centro do processo de tomada de decisão econômica e social internacional."
"... precisamos trabalhar juntos para reformar as regras e as instituições globais." – Ban Ki-Moon, Secretário-Geral da ONU.

Expectativas Internacionais

Após analisar o Documento Resultante desta conferência, ler as transcrições, as notas à imprensa e outros materiais relevantes, tornou-se óbvio que um conjunto de expectativas internacionais estava tomando forma. Aqui estão as coisas a observar nos próximos meses.

Direção Social/Moral

  • Sob a liderança das Nações Unidas, podemos esperar ver um mapa da estrada moral/ético. Os ideais que gravitam em torno das questões ambientais, como a Mudança Climática, atuarão como fundamento social sobre o qual uma solução global para a crise econômica precisa ser encontrada. Essencialmente, a ONU fornecerá a estrutura moral para a "nova arquitetura financeira internacional". À medida que o mundo se preparar para a Conferência Sobre Mudança Climática no próximo mês de dezembro, observe as questões ambientais serem usadas como "alavanca moral" para "solucionar" a crise econômica.
  • Espere ver os países adotarem regimes do tributo do carbono e um programa de mercado de carbono. Isto resultará em preços mais elevados para a energia e um crescimento econômico geral menor. Uma bolha econômica baseada no meio ambiente aparecerá com o mercado do carbono à medida que o "ar quente" se tornar um mercado aquecido. Isto terá pouca duração e, quando o colapso ocorrer, produzirá um ímpeto ainda mais robusto a favor da governança financeira global.
  • Espere ver o fortalecimento dos programas educacionais dirigidos pela ONU para arregimentar os jovens para esta causa do "carbono". A propaganda para uma ética global baseada no ambientalismo, com o objetivo declarado de corrigir a economia, aumentará visivelmente em todo o mundo ocidental.
  • Observe líderes religiosos, incluindo figuras cristãs de liderança se alinharem abertamente com a ONU nesse chamado por uma nova ética global. Não fique surpreso se a ONU ou o Conselho Mundial de Igrejas convocarem um encontro interfé de alto nível especial para responder à situação econômica ou ambiental.
  • A cidadania planetária e as responsabilidades que a acompanham, suplantarão as lealdades nacionais.
  • O capitalismo está rotulado como maligno e os livres mercados como mesquinhos. Mais regulamentações e burocracia virão aos níveis locais, estaduais, nacionais e internacionais.
  • Espere ouvir mais chamados para a solidariedade econômica e serviço global. No Ocidente, a palavra "socialismo" será evitada; espere ouvir uma nova linguagem mascarar a realidade. Na América Latina, na maior parte da Ásia e em grandes porções da Europa, a linguagem do socialismo será usada e adotada abertamente.

Direção Econômica

  • Uma contínua promoção dos Direitos Especiais de Saque como a nova moeda de reserva global. Essa moeda substituirá o dólar americano como a atual moeda de reserva global, mas possivelmente apenas de forma provisória. Os SDRs, como essa moeda é referenciada, são uma unidade contábil internacional baseada no valor combinado — uma cesta — das principais moedas mundiais. Atualmente o Fundo Monetário Internacional está sendo cortejado como o detentor dos SDRs, tornando-o um tipo de banco para uma nova unidade de reserva global.
  • Uma crescente pressão para solidificar um órgão regulatório bancário e financeiro internacional. Com a criação dessa agência, os bancos e demais instituições financeiras nacionais e transnacionais terão de aderir aos novos padrões globais. Da mesma forma, os assuntos econômicos no nível interno ficarão sob os auspícios desse órgão regulador global. No momento atual, o Banco de Compensações Internacionais está rapidamente se preparando para assumir esta tarefa (leia o artigo da Parte 1 desta edição, escrito por Joan Veon.).
  • Mais propostas para a criação de um Tribunal de Falências Internacional para lidar com os calotes das dívidas globais.
  • Espere propostas para a criação de bancos mais orientados para a atuação regional, blocos de moedas regionais, acordos de comércio regionais e uma integração econômica regional geral.
  • Espere mais propostas para a solidariedade econômica global, a harmonização internacional e uma maior globalização. Como Paula Quintana, Ministra do Planejamento do Chile, explicou na conferência da ONU: "... o desafio no médio prazo é nos movermos mais rapidamente em direção à convergência econômica global.".
  • Finalmente, não fique surpreso ao ver a comunidade internacional instituir um assim chamado sistema de pesos e contrapesos sob o estandarte de uma "nova arquitetura financeira". Isto está em desenvolvimento atualmente e eis aqui como poderá ficar:
  • Regulador Financeiro Global: Banco de Compensações Internacionais.
  • Regulador Comercial Global: Organização Mundial do Comércio.
  • Banco da Moeda de Reserva Mundial: Fundo Monetário Internacional.
  • Banco para Empréstimos: Banco Mundial.
  • Agência de Governança e Ética Mundial: Nações Unidas.
Logicamente, isto poderá mudar em algum grau, com ênfases e agendas colocadas sobre diferentes instituições e também poderá haver certa sobreposição. Entretanto, estamos vendo essa nova superestrutura internacional tomar forma atualmente.

Mais do Que Apenas Economia

É óbvio que a Conferência da ONU Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial foi mais do que apenas sobre "dinheiro". Ela tratou da remodelagem das culturas e nações para se encaixarem em um novo ideal planetário.
O presidente da Assembleia-Geral da ONU, Miguel Brockmann, tornou isto claro em seu discurso de encerramento, em 26 de junho:
Sobre as Soluções Econômicas (observe como isto envolve tudo):
"As questões a serem acompanhadas vão da redução da crise — incluindo medidas de estímulo globais, Direitos Especiais de Saque (SDR) e moedas — para tópicos como a reestruturação do sistema financeiro e econômico, reestruturação da arquitetura, incluindo reforma das instituições financeiras internacionais e o papel da Organização das Nações Unidas, dívida externa, comércio internacional, investimentos, tributação, auxílio ao desenvolvimento, cooperação Sul-Sul, novas formas de financiamento, fluxos financeiros ilícitos e corrupção, regulamentações e monitoração."
"Ao mesmo tempo, tem sido reconhecido que a crise financeira e econômica não poderá retardar a necessária resposta global à mudança climática e à degradação ambiental por meio de iniciativas para construir uma 'economia verde'..." [14].
Sobre as Novas Visões para a VidaNota: Isto dá contexto para a criação de uma civilização global. Lembre-se também que esta conferência era sobre economia! (Nota adicional: As visões de Brockmann formaram a maior parte de seu discurso de encerramento; aqui estão apenas alguns excertos):
"... estamos novamente no limiar de um novo passo no processo evolucionário: um passo umo a uma família humana que está unida consigo mesma, com a natureza e com a Mãe Terra."
"Isto me faz lembrar da visão do grande cientista, arqueólogo e místico francês Pierre Teilhard de Chardin. Na China, onde realizou sua pesquisa sobre o Homo pekinensis, ele teve algo similar a uma visão. Olhando para os avanços na tecnologia, no comércio e nas comunicações que estavam encurtando as distâncias e lançando os fundamentos para aquilo que ele gostava de chamar de planetização, em vez de globalização, Teilhard de Char­din já estava dizendo, nos anos 1930s, que estávamos testemunhando o surgimento de uma nova era para a Terra e para a humanidade."
"O que iria aparecer, disse Theilhard de Chardin, era a noosfera, após o surgimento no processo evolucionário da antroposfera, da biosfera, da hidrosfera, da atmosfera e da litosfera. Agora vem a nova esfera, a esfera das mentes e corações sincronizados: a noosfera. Como sabemos, a palavra grega noos se refere à união do espírito, do intelecto e do coração..."
"A noosfera, então, é o próximo passo para a humanidade. Permitam-me fazer uma pequena digressão. No tempo dos dinossauros, que habitaram a Terra por mais de 100 milhões de anos e desapareceram cerca de 65 milhões de anos atrás, se um observador hipotético tivesse se perguntado qual seria o próximo passo evolucionário, ele provavelmente teria pensado mais do mesmo. Em outras palavras, dinossauros ainda maiores e mais vorazes."
"Entretanto, essa resposta teria sido errada. Aquele observador hipotético nunca teria imaginado que um pequeno mamífero menor do que um coelho, que vivia no topo das árvores e se alimentava de flores e brotos e que tremia diante da possibilidade de ser devorado por um dinossauro, eventualmente se tornaria nosso ancestral."
"A partir dessa criatura, milhões de anos mais tarde, emergiu algo completamente novo, com qualidades totalmente diferentes daquelas dos dinossauros, incluindo uma consciência, inteligência e amor: os primeiros seres humanos, de quem nós aqui reunidos somos descendentes..."
"Acredito firmemente que hoje, estamos novamente no limiar de um novo passo no processo evolucionário: um passo em direção a uma família humana que está unida consigo mesma, com a natureza e com a Mãe Terra..."
"Dizem que Jesus, Buda, Francisco de Assis, Rumi, Tolstoy, Gandhi, Dorothy Day, Martin Luther King e muitos outros grandes profetas e instrutores do passado e do presente, dos quais todo país e cultura tem um exemplar, estiveram na frente de seu tempo em dar esse novo passo."
"Todos eles são os instrutores mais influentes em nossa formação, nossas estrelas-guias, que acenderam a chama da esperança que nos assegura que ainda temos um futuro, um futuro abençoado." [15].
E você que achava que a conferência sobre economia iria tratar de assuntos financeiros!
Compreenda, caro leitor, que o mundo de hoje está mudando em tudo: A economia, a religião (é sobre isto que Brockmann realmente está falando), a política, a educação, a soberania nacional e as normas sociais estão sendo sistematicamente reformadas para atenderem a um Futuro Comum pré-descrito.
No fim de tudo, será a torção da fé e das finanças que dará início a uma nova ordem global.

Notas Finais:

  1. Joseph E. Stiglitz, "Wall Street’s Toxic Message”, Vanity Fair, edição on­line, julho de 2009. Stiglitz trabalha como assessor do presidente da Assembléia-Geral da ONU.
  2. Miguel D’Escoto Brockmann, presidente da Assembleia-Geral da ONU, declaração de abertura da Conferência Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial, 24 de junho de 2009.
  3. Idem.
  4. Idem; "é essencial buscar aquilo que a Carta da Terra chama de um modo de vida sustentável".
  5. Idem.
  6. Idem.
  7. As informações biográficas sobre o Sr. Brockmann foram extraídas de sua biografia nos Materiais Para a Imprensa, das Nações Unidas, no Factbook da Reuters e em outros sites biográficos na Internet.
  8. Comentários feitos pela embaixadora Susan E. Rice, Representante Permanente dos EUA nas Nações Unidas, na Conferência Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial, em 24 de junho de 2009. Discurso realizado na conferência.
  9. Discurso na Conferência da ONU Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial.
  10. Yang Jiechi, ministro das Relações Exteriores da República Popular da China, declaração na Conferência da ONU Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial, em 24 de junho.
  11. Helena Bambasova, falando em nome da UE, 24 de junho.
  12. Alexey Kudrin, Ministro das Finanças da Federação Russa e representando o primeiro-ministro. Declaração na Conferência da ONU Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial, em 24 de junho.
  13. Ngozi Okonjo-Iweala, diretor-gerente do Banco Mundial. Declaração na Conferência da ONU Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial, em 24 de junho.
  14. Miguel D’Escoto Brockmann, presidente da Assembleia-Geral da ONU. Declaração feita após a adoção do Documento de Resultados da Conferência da ONU Sobre a Crise Econômica e Financeira Mundial.



Autor: Carl Teichrib, artigo original em http://www.forcingchange.org, Edição 6, Volume 3.
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/futurocomum.asp

sábado, 5 de janeiro de 2013

O estado e os seus [nossos!] dados


caso você esteja para entrar nos EUA e não seja americano, é bom saber que o congresso aprovou a continuidade de uma lei [FISA, da era bush e antes] que autoriza os órgãos de espionagem do país a “coletar” informação sobre qualquer estrangeiro, a qualquer tempo, sem autorização judicial. a associação americana para as liberdades constitucionais diz que FISA é inconstitucional. FISA cria a base para a NSA invadir qualquer fonte, sistema ou processo de comunicação que a agência acredite ser parte de alguma conspiração contra os EUA

telefones e contas de emeio de americanos que se comunicarem com suspeitos [de fora dos EUA] serão capturadas no processo. é tudo secreto, transparência zero. e a extensão do que é “coletar” passa por usar veículos aéreos não tripulados para supervisão e controle, coletar informação na europa [e no brasil, e algures?]. a microsoft européia declarou que, mesmo sob as estritas leis de proteção a dados da comunidade, não há como garantir que informação armazenada em seus data centers fique só lá. a empresa teria que atender requisições de poderes externos à comunidade. e disse que nenhuma empresa poderia garantir o sigilo dos dados sob sua guarda. e isso na europa. imagine em outras plagas.
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há uns 5 anos, o brasil era o campeão mundial do grampo. mas a escuta legal, no brasil, é explícita. uma terceira parte, a justiça, decide quem pode ser grampeado e porque. e isso depende, da parte de quem quer investigar, demonstrar a um juiz que há indícios suficientes para tal medida de exceção. nas sociedades modernas, depois que a noção de “indivíduo” se estabeleceu, assimetria de informação é parte essencial dos direitos das pessoas. o blog passou pelo assunto neste link, discutindo a necessidade dos sistemas de informação que nos acompanham, até e principalmente os do estado, criarem mecanismos de esquecimento que, no longo prazo, sejam capazes de garantir a individualidade de cada um. sem esquecimento, não há assimetria de informação. invadida pelo estado, que passa a usar todos os meios a seu dispor, a vida informacional de cada um é um livro aberto. pra uns, poucos, que estão no poder. e, não por acaso, querem ficar lá.

mas o cidadão comum, nos EUA ou qualquer país, não está nem aí. não entende o que a NSA ou o GCHQ, inglês, faz. e porque faz. o cidadão comum “acha” que o sistema trabalha para o bem de todos e felicidade geral da nação. um texto recente de reason.com diz, com razão, que as pessoas estão bem mais preocupadas com a privacidade de seus dados e contas no faceBook do que com arapongas [deles] espionando seu dia-a-dia. a razão? em faceBook, há uma narrativa humana para a privacidade. sua conta é invadida, contam histórias por você; fotos que deveriam ficar em um drive, pra sempre, surgem na rede ao fim de um caso. vidas expostas, na rede, pessoas veem, comentam, são contra e a favor, têm opinião, há um drama humano, perceptível, no ar. e talvez ainda tenhamos a possibilidade de limitar as ações de faceBook, mas tenhamos perdido, de vez, a de restringir o estado. será?

o estado, que quase nunca esteve sob o real controle dos cidadãos, está ficando, numa sociedade da informação permeada de segredo sobre suas operações sobre nossos dados, cada vez mais distante do cidadão. para criar um contraponto a tal tendência, é preciso abrir os silos dados do estado e, ao mesmo tempo, garantir transparência das ações do estado sobre o ciclo de vida da informação dos indivíduos. ou isso ou, na era das redes e informação, estaremos limitados e constrangidos exatamente pelo que, no princípio da internet, se imaginou que nos deveria nos libertar: abundância de informação. só que, agora, nas mãos erradas, pode fazer exatamente o contrário, nos prender. literalmente, aliás.
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Fonte: TerraMagazine

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